Mapas revelam a realidade de recursos naturais do MA
Lançamento foi feito ontem pelo IBGE e traz mapas de vegetação, geologia, geomorfologia e solos que compõem série cartográfica da Amazônia Legal.
O cerrado maranhense tem 25% da sua área ocupada por atividades agropecuárias. É o que revelou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que lançou os mapas de vegetação, geologia, geomorfologia e solos do Maranhão, da série cartográfica temática de recursos naturais de todos os estados da Amazônia Legal. Os mapas do estado revelam a pressão da nova fronteira agrícola sobre o cerrado e o potencial hídrico subterrâneo maranhense, que é de 17.500.000 litros. O estudo serve de alerta para a importância do desenvolvimento econômico sustentável.
O Mapa de Vegetação demonstra a pressão da nova fronteira agrícola brasileira sobre o Cerrado no centro e sul do Maranhão, onde a atividade agropecuária (pastagens plantadas, lavouras) substituiu quase 25% da área, que era de 74.288,57 km² de vegetação natural e hoje soma apenas 57.130,04 km² da área original.
O estudo do IBGE aborda também a situação das florestas maranhenses, mostrando que a área remanescente de Floresta Densa (área de vegetação em terra firme) é de apenas 31% da original, totalizando apenas 19.707,61 km². Da Floresta Semidecidual e da Decidual restaram cerca de 45% e 25% das áreas nativas, respectivamente. E da Floresta Aberta (babaçuais) teve representação na escala do mapa uma área remanescente no noroeste do estado de apenas 27,5 km², correspondente a 0,09% da área primitiva.
O mapa revela ainda a ocupação pela atividade agropecuária de chapadas (serras dos Penitentes, Alpercatas e Espigão Mestre) que funcionam como armazenadoras e fornecedoras das águas que fluem nas bacias hidrográficas em toda a região no sul, oeste e sudoeste do estado, o que causa preocupação com os impactos ambientais. A atividade agrícola prejudica a infiltração e traz risco de contaminação por defensivos agrícolas.
Os resultados apresentados pelo IBGE mostram dois lados de uma mesma questão. Ao mesmo tempo em que a economia do estado cresce, neste caso o setor primário (agropecuária), o meio ambiente pode sofrer as graves consequências de um desenvolvimento que não leva em consideração o lado sustentável, com práticas como o reflorestamento. Os mapas divulgados ontem servem de alerta para os agropecuaristas e governantes do Maranhão.
Recursos hídricos - O Mapa Geológico, que retrata o potencial hídrico subterrâneo do Maranhão, aponta a presença de aquíferos que podem ser utilizados para o abastecimento humano com água de boa qualidade e baixo custo. Localizados na Província Estrutural Parnaíba (que ocupa mais de 90% do estado), eles totalizam um volume estimado de 17.500 km³ (ou 17.500.000 litros), com vazões que podem atingir 1.000 m³/h (o equivalente a mil litros por hora).
No mapa, reconhece-se também uma área com grande importância turística: a Província Estrutural Costeira, que domina a costa maranhense sob a forma de dunas, que no conjunto formam os Lençóis Maranhenses e a Baixada Maranhense.
Grandes conjuntos de falhas geológicas, sob a forma de serras e da rede de drenagem cortam o território maranhense, apontando áreas relevantes economicamente, como a reserva de gás natural, descoberta em 2010, no município de Capinzal do Norte (Bacia do Grajaú), em área de influência do conjunto de falhas Picos-Santa Inês. Na região do município de Balsas, em poço perfurado pela Petrobras na década de 1960, foram encontrados indícios de gás natural.
Solos - Dois tipos de solos que ocorrem no Maranhão devem ser alvo da preservação ambiental, aponta o IBGE. Os chamados neossolos litólicos, principalmente na porção sul do estado, pois apresentam elevada erosão, devido à reduzida profundidade e à ocorrência, geralmente, em relevos acidentados. Já os neossolos quartzarênicos, presentes no norte e no sul do estado, são constituídos principalmente de grãos de quartzo e por isso muito suscetíveis à erosão e com baixa retenção de umidade.
O Mapa de Solos (Pedologia) apresenta os principais tipos de solos que ocorrem no Maranhão. Localizados de norte a sul do estado, os argissolos e latossolos são os mais explorados economicamente, tanto pela agricultura, especialmente soja, quanto pela pecuária. Embora apresentem baixa fertilidade natural, possuem considerável potencial de utilização agrícola devido à baixa suscetibilidade à erosão e boa umidade.
O Mapa de Relevo retrata uma das paisagens naturais mais conhecidas do estado e que desperta grande interesse turístico - Lençóis Maranhenses - situados a nordeste do estado, que incluem campos de dunas e planícies arenosas, entrecortadas por lagoas temporárias.
As unidades localizadas nos terrenos de idade mais recente, relacionadas aos depósitos sedimentares quaternários, são identificadas por variedade de formas de topografia suave.
Saiba mais
Produzido com o auxílio de imagens de satélite e com base na atualização dos levantamentos do Projeto RadamBrasil (que operou de 1970 a 1985 e se dedicou a cobrir por imagens aéreas de radar diversas regiões do território brasileiro, em especial a Amazônia), o mapa de vegetação representa três biomas continentais brasileiros: Amazônia, Cerrado e Caatinga, com seis tipos principais de vegetação: Floresta Ombrófila Densa (com árvores que não perdem as folhas na estação seca), Floresta Ombrófila Aberta (dominada por babaçu e/ou cipós), Floresta Estacional Semidecidual (com árvores que perdem parte das folhas na estação seca), Floresta Estacional Decidual (com árvores que perdem mais de 50% das folhas na seca), Savana (Cerrado) e Savana-Estépica (Caatinga do Sertão Árido) e as Áreas de Formações Pioneiras (várzeas e mangues, principalmente). (Fonte: O Estado do Maranhão)