Alcoa poderá cortar uma das linhas de produção da Alumar para conter gastos

18-01-2012 08:56

Motivo são os altos custos operacionais da unidade maranhense, principalmente com energia elétrica, somados à queda do preço do alumínio no mercado.

O presidente da Alcoa para a América Latina e Caribe, Franklin Feder, afirmou em entrevista ao Valor Econômico que uma linha de produção do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar) está sob risco de corte, a exemplo da unidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais. Os altos custos operacionais, especialmente com energia, principal insumo das fábricas, somados à redução no preço do alumínio no mercado internacional, podem levar a Alcoa a tomar essa decisão em curto prazo.

Segundo Feder, o presidente mundial da Alcoa, Klaus Kleinfeld, deu um prazo até 31 de março deste ano à subsidiária na América Latina para encontrar uma solução que reduza os custos das fábricas de São Luís e Poços de Caldas. Caso contrário, entrarão na linha de cortes.

O Estado entrou em contato com a direção da Alumar, via Assessoria de Comunicação, mas até a conclusão da edição desta página, às 20h50, não havia obtido qualquer resposta.

Ele informa que há três soluções de curto prazo em discussão, mas a questão é se elas serão definidas a tempo, pois envolvem várias autoridades governamentais. "Já alertei as autoridades de Brasília e os governadores de Minas e Maranhão", afirmou o executivo da Alcoa. Franklin Feder se mostra esperançoso de que uma solução seja apresentada até o fim de março, pois ele diz não ter mais argumentos para convencer Klaus Kleinfeld, que lhe cobra uma decisão.

"Tenho uma agenda contínua com todo mundo do governo. Por enquanto, conseguimos tirar o Brasil do mapa de cortes", observou. O executivo aposta ainda no Grupo de Trabalho do Alumínio, formado pelo governo e o setor para elaborar um relatório técnico com as possíveis medidas a serem adotadas no médio e longo prazo para a indústria de alumínio no país.

A portaria interministerial foi criada em julho, mas a conclusão dos trabalhos foi prorrogada e, até agora, não há definição sobre o que constará no relatório. "O Brasil tem de decidir se quer manter a cadeia de produção de alumínio no país ou se quer ser exportador de matéria-prima [bauxita e alumina] e importador de metal, produtos transformados e de produtos acabados", afirmou Feder.

Semana passada, a Alcoa anunciou o fechamento de unidades nos Estados Unidos e na Europa. No início deste mês, alegando dificuldades para suportar os altos custos operacionais, associados ao declínio nos preços do alumínio no mercado internacional - em 2011 as cotações recuaram 19% -, a multinacional anunciou corte de 12% da produção mundial, o equivalente a 531 mil toneladas do metal. "As operações brasileiras ficaram de fora por pouco, mas com essa condição temporária", explicou Franklin Feder.

No Brasil, observou o executivo, o custo da energia é o ponto crucial da fabricação de alumínio. O preço do MWhora, informa Feder, já atinge US$ 80, mais do que o dobro da média mundial. Como a empresa tem uma parcela de energia própria, uma alternativa é desligar os fornos de Poços de Caldas e destinar essa energia para a unidade da Alumar, que tem maior rendimento energético do insumo.

Peso - A energia é um insumo com peso significativo na fabricação do alumínio. "No Brasil, nosso custo/caixa de produção estava na faixa de US$ 2,3 mil a tonelada, ante uma cotação de US$ 1,95 mil em dezembro no mercado internacional", informou Feder. Ele disse que a empresa está tendo de cobrir a diferença. Até abril, a situação era confortável, pois o metal estava em alta e era negociado a US$ 2,7 mil a tonelada.

Se optar pela solução de migrar os 220 MW de energia própria que abastecem Poços de Caldas - o que dá competitividade para esta unidade - para a Alumar, a empresa vai deixar de produzir 95 mil toneladas de alumínio por ano. Com isso, o passo seguinte seria a demissão de 900 funcionários.

O executivo observa que isso, no entanto, não garante que a Alumar saia ilesa. "Mesmo assim, poderíamos ter de fechar também uma das linhas de Alumar", explicou. Ou seja, mais 150 mil toneladas estariam em risco. (Fonte: O Estado do Maranhão)

 

 

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