Câmara discute problemas do sistema portuário nacional
BRASÍLIA - A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados realizou ontem audiência pública para discutir soluções para os problemas do sistema portuário nacional. O debate foi proposto pelo deputado Alberto Mourão (PSDB-SP), presidente da Subcomissão de Portos e Vias Navegáveis. Um dos principais assuntos debatidos foi a logística para o setor agropecuário.
O consultor da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antônio Fayet, afirmou que é preciso ampliar a capacidade dos portos brasileiros em 70 milhões de toneladas, somente para o agronegócio, até 2020. Segundo ele, isso equivale a 10% do trâmite de mercadorias no ano passado nos portos nacionais.
Luiz Fayet lembrou que, em 2010, o agronegócio exportou R$ 63 bilhões. O consultor participa de audiência pública da Comissão de Viação e Transportes que discute soluções para os problemas do sistema portuário nacional.
Segundo o consultor da CNA, na última safra, alguns estados das regiões Norte e Nordeste deixaram de produzir três milhões de toneladas de soja e milho por não haver portos marítimos próximos com capacidade para escoar a produção. Em razão disso, cerca de 50 mil empregos permanentes não foram gerados. "Com este apagão portuário que está aí, nós estamos condenados a não crescer", afirmou.
Fayet ressaltou que 52% da produção de soja e milho do Brasil está concentrada a partir do paralelo 15, linha imaginária que corta o Brasil um pouco acima da Capital Federal, em estados como Mato Grosso, Amazonas, Tocantins, Maranhão e Piauí. No entanto, apenas 16% dessa produção são escoados pelos portos das regiões Norte e Nordeste. O restante, segundo Fayet, é transportado para os portos localizados no Sul e Sudeste e exportado a um custo bem mais alto.
Segundo Fayet, são necessários investimentos da ordem de US$ 30 bilhões até 2020 para superar o gargalo dos portos marítimos no Brasil. "O Governo não tem esse dinheiro, até porque teve de cortar R$ 50 bilhões do orçamento deste ano", disse durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
Para o ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que participou da audiência, a produtividade do agronegócio brasileiro é desperdiçada com a falta de logística para o escoamento da produção. "Nos últimos anos, o Brasil foi um dos países onde a eficiência da produção agropecuária mais cresceu, mas essa eficiência se perde na falta de infraestrutura logística", afirmou Stephanes, que hoje é deputado federal pelo PMDB do Paraná. (Fonte: O Estado do Maranhão)