Canal do Panamá poderá expandir a logística portuária do Maranhão

06-03-2012 08:55

Pesquisadores avaliam o potencial do Itaqui como porto concentrador de cargas.

A ampliação do Canal do Panamá, megaprojeto orçado em US$ 5,25 bilhões e que deve ser concluído em fins de 2014, promete grande desenvolvimento para o setor portuário brasileiro, em especial do Nordeste, com a criação de hub ports, isto é, polos de movimentação de cargas para exportação. Nesta perspectiva, há projetos para os portos do Pecém e Mucuripe (CE), Suape (PE), Salvador (BA) e Itaqui (MA), que poderão utilizar o Canal do Panamá como via de acesso ao mercado asiático e expandir as suas linhas de comércio.

O Canal do Panamá, com 81 quilômetros de extensão, liga os oceanos Atlântico e Pacífico e, atualmente, oferece condições de navegabilidade apenas para navios da classe Panamax, uma infraestrutura com dimensões limites de até 305 m de comprimento, 33,5 m de largura e 26 m de profundidade. Com o projeto de expansão, o canal poderá receber a geração Pós-Panamax, mais utilizada atualmente pelos armadores internacionais e à qual os portos brasileiros (assim como no resto do mundo) vêm se adaptando nos últimos anos.

Neste sentido, o setor portuário do Maranhão encontra-se em situação privilegiada, pois tem condições de receber a geração Pós-Panamax e até os gigantescos mineraleiros Valemax, de 365 m de comprimento, 66 m de largura e capacidade de carga de 390 mil toneladas.

No caso do Maranhão, entende-se o Itaqui como vetor de um complexo portuário instalado na Baía de São Marcos, que inclui um porto público organizado e dois terminais de uso privativo (TUP): Ponta da Madeira e Terminal da Alumar e ainda o desativado Terminal Pesqueiro Porto Grande, que atualmente é utilizado para operações com barcos de apoio marítimo (offshore). Além disso, está em andamento um projeto de construção de um TUP na foz do Rio Mearim (que desemboca na Baía de São Marcos), uma parceria da Vale com o Grupo Aurizônia.

Pesquisa - Em artigo recentemente publicado na internet, pesquisadores avaliaram o potencial do Itaqui para a economia do Maranhão. São eles: Paulo Roberto Ambrosio Rodrigues (mestre em Administração e professor da Fundação Getúlio Vargas) e Audemir Leuzinger Queiroz (coordenador do curso de Gestão Portuária do Instituto Laboro de Pós-graduação), ambos ligados à Universidade Estácio de Sá.

Segundo os pesquisadores, para se tornar um hub port, os pré-requisitos básicos de um porto são: boa localização geoeconômica, dispor de bons acessos marítimos e terrestres, calado acima de 14 metros, além de oferecer altos índices de produtividade. E o Itaqui, concluíram os professores, reúne todas essas características.

O canal de acesso do Porto do Itaqui possui profundidade natural mínima de 27 metros e largura aproximada de 1,8 km. Os acessos rodoviários são de boa qualidade, através da BR-135, que se conecta com toda a região Norte a outras rodovias federais (BR-316, BR-322, BR-230, BR-226 e BR-010). Os acessos ferroviários ao porto do Itaqui se dão pela Estrada de Ferro Carajás (809 km) e Ferrovia Norte-Sul (215 km).

O Porto do Itaqui está situado nas proximidades da linha do Equador, a partir de onde é possível alcançar rapidamente via marítima os grandes parceiros comerciais do Brasil situados no hemisfério norte, diz o artigo.

Além disso, há também o fator da área de influência terrestre do porto (hinterlândia), no que se refere ao desenvolvimento econômico da região em que está situado e dos custos do transporte terrestre que faz essas ligações. Quanto menores são esses custos, mais aumenta a hinterlândia portuária. A título de exemplo, os fertilizantes descarregados no Porto do Itaqui são destinados aos estados: Maranhão, Pará, Piauí, Tocantins, Bahia e Mato Grosso.

Agronegócios - Além disso, de acordo com a pesquisa, constata-se que há inúmeros projetos de agronegócios em diferentes fases de implantação no sul do Piauí, sul do Maranhão, leste do Pará (em especial no eixo Marabá/Carajás/São Geraldo do Araguaia), além de diversos pontos do Tocantins, notadamente voltados para a fruticultura, entre Porto Nacional e Aguiarnópolis. Há previsão que todos esses novos polos produtores estejam em franca produção até o final de 2012, ocasião em que já estará concluída a última eclusa de Tucuruí e outras obras no Rio Tocantins, possibilitando a navegação fluvial desde Miracema a Porto Franco. Até lá, também já deverão estar em operação os novos trechos da Ferrovia Norte-Sul, ou seja, Aguiarnópolis/Wanderlândia e Colinas do Tocantins/Couto Magalhães. A disponibilidade desse conjunto de obras de infraestrutura provocará a aceleração de outros projetos frutícolas direcionados à exportação, requerendo o escoamento via portos marítimos.

Ceará pode concorrer como hub port do NE

FORTALEZA - Os investimentos que vêm sendo realizados no setor portuário brasileiro, desde a criação da Secretaria Especial de Portos (SEP), já estão sendo feitos com o olho na nova realidade que poderá ser construída com a abertura do Canal do Panamá. É o que afirma o presidente da Companhia Docas do Ceará (CDC), Paulo André Holanda, que administra o Porto do Mucuripe. Segundo ele, os portos do Ceará estão se credenciando para tornarem-se grandes concentradores de carga no Nordeste, ou hub ports, de acordo com jornais cearenses e também site especializados no setor portuário.

"Essa grande obra da expansão do Canal do Panamá vai trazer impactos muito positivos principalmente para os portos do Nordeste. Com a criação da SEP, muitos investimentos foram e estão sendo feitos na área portuária, então esses portos do Nordeste que até então estavam, vamos dizer, com falta de investimentos, estão fazendo grandes reformas, como a dragagem, aumentando a profundidade da sua bacia, aumentando o VTMS [Vessel Traffic Management System], que é o gerenciamento do monitoramento de tráficos de navios", aponta Holanda.

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Em conclusão, os pesquisadores afirmam no artigo que a perspectiva de o Porto de Itaqui vir a se caracterizar como hub port representa um vetor de alavancagem para a economia regional, com reflexos no comércio e na prestação de serviços, amplificando a geração de receitas tributárias, tanto para o estado quanto para o município, criando uma grande quantidade de empregos diretos e indiretos. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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