Chery e CR Zongshen ampliam presença no país e vão construir fábricas
O Brasil entrou definitivamente no mapa da estratégia de internacionalização de marcas por fabricantes chineses de bens de consumo, como Chery e Kasinski.
Depois de chegar Brasil como marca de carros importados, a Chery deve fazer em São Paulo um dos maiores investimentos fabris chineses. A empresa vai aplicar US$ 400 milhões para montar 150 mil veículos ao ano - dois modelos com cinco versões diferentes.
Segundo Luis Curi, presidente da Chery no Brasil, a companhia chinesa tem investido na Índia, na Rússia e em três novas fábricas na China, além do Brasil. A instalação de unidade no Brasil levou em consideração o potencial de crescimento do mercado interno e o fato de o país ser o quarto maior mercado automotivo do mundo. A nova classe C é o público-alvo da Chery, com ênfase na nova camada de consumidores emergentes que estão surgindo na economia brasileira.
Não é somente o mercado interno que atrai a montadora. No futuro, diz Curi, a unidade brasileira pode se tornar plataforma de exportação para outros países da América Latina, como parte dos planos da montadora no continente. A Chery não é, porém, a única investidora chinesa que tem planos de ver a produção brasileira destinada a mercados mais amplos que o doméstico.
Claudio Rosa Júnior, presidente da CR Zongshen, joint venture de capital chinês e brasileiro que opera a marca Kasinski, conta que a aposta da empresa é de fazer do Brasil a origem de embarques dos produtos da empresa para todo continente americano.
Ele conta que a empresa, além da produção na própria China, tem investimentos na Itália, para atingir o mercado europeu, e também na Tailândia, para atender o mercado sul-asiático. "Faltava um alfinete nas Américas", diz Rosa. Num ritmo de investimento vigoroso, a CR Zongshen comprou a fábrica de motocicletas da Kasinski, em Manaus, em 2009, com capacidade de produção de 20 mil unidades ao ano. Desde a aquisição, conta Rosa, foram US$ 80 milhões em investimentos, que incluem também a ampliação de capacidade para 110 mil unidades ao ano. Até o início de 2013 a fábrica deverá ter ampliação para produzir 180 mil unidades ao ano.
Os planos da empresa não param por aí. Segundo Rosa, os parceiros chineses decidiram acelerar os investimentos para a formação de um cluster de fabricantes de componentes para a produção de motos em Manaus. A fabricante de motos deve fornecer a infraestrutura e os fornecedores chineses, que já estão sendo contatados, deverão entrar com máquinas, equipamentos e tecnologia. Segundo Rosa isso elevará o nível de nacionalização na produção de motos pela companhia. O executivo diz que já há quatro parceiros selecionados para participar do cluster.
O alvo de mercado da Kasinski no Brasil não se restringe à montagem de motocicletas em Manaus. Rosa diz que a empresa também investe outros US$ 20 milhões em uma fábrica para produção de bicicletas e motocicletas elétricas em Sapucaia, município do Rio de Janeiro. O executivo da CR Zongshen diz que se trata de uma iniciativa pioneira na produção desse tipo de produto em escala industrial.
Segundo Rosa, a aposta nas bicicletas e motocicletas movidas a eletricidade leva em consideração o potencial de consumo brasileiro. A fábrica, diz ele, deve ser inaugurada no segundo semestre deste ano e terá capacidade inicial de 2 mil unidades por mês. (MW e SL)
(Fontes: VALOR ECONÔMICO, ESPECIAL)