Comerciantes esperam vendas até 30% maiores após pacote de incentivos e 13º

04-12-2011 13:04

Depois do anúncio do pacote de medidas para aumentar o crédito e incentivar o consumo, os brasileiros seguiram o conselho do governo para ir às compras e lotaram os shoppings ontem. Com a primeira parcela do 13º salário no bolso %u2014 o benefício deve injetar R$ 118 bilhões na economia até o fim do mês %u2014, eles correram às lojas em busca, principalmente, de artigos como tablets, notebooks, celulares e câmeras digitais. Neste fim de ano, tem de tudo: há os que querem adquirir bens de maior valor, acima de R$ 1 mil, em seis ou dez parcelas no cartão de crédito, e também os que preferem aproveitar o dinheiro extra para pagar à vista. Animados, os comerciantes, sobretudo os de linha branca (geladeira, fogão e máquina de lavar), esperam vender até 30% a mais neste Natal na comparação com o de 2010.

Eder Durães, gerente da Fujioka do Taguatinga Shopping, afirma que, antes, a expectativa de vendas não ultrapassava os 20%. A chegada aos estoques dos produtos com o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), no entanto, elevou as estimativas. "Aqui, o chamariz é um tablet de marca nacional que custa R$ 699. O valor pode ser dividido em 10 vezes, sem juros, no cartão de crédito", diz. Ele nota mudanças de hábitos dos clientes. Quando começaram os rumores sobre a intenção do governo de baixar juros e reduzir tributos, a demanda automaticamente aumentou até mesmo em novembro. "A última semana do mês é sempre fraca. Mas, pela primeira vez, na comparação com a primeira, observamos uma alta de quase 50% no faturamento", conta Durães.

Exigência
Ele ressalta que, aos poucos, a clientela está ficando mais atenta e exigente, além de preferir escolher com calma para analisar custos e benefícios. Caso da aposentada Ieda Guedes, 66 anos, e da estudante Vanessa Guedes, 29. Mãe e filha, empunhando papel e caneta, anotavam cada detalhe na loja Ricardo Eletro do Conjunto Nacional. "Já compramos o fogão na semana passada e, agora, estamos pesquisando a geladeira", diz Vanessa. As duas preferem pagar à vista. "A diferença pode chegar a 30%. O nosso fogão, com seis bocas, era
R$ 1.299. Mas, com o dinheiro em mãos, saiu por R$ 970", compara Ieda. Com renda familiar em torno de R$ 4 mil, elas contam que preferem poupar primeiro e, depois, ir às compras.

Rindo à toa estava o gerente Johnny Cabral pela fidelidade de Vanessa e Ieda à sua loja e pela ajuda de última hora do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que anunciou as medidas de estímulo à economia na quinta-feira. "O IPI zero para a linha branca e os juros menores, até para poucas parcelas, estão fazendo com que a geladeira de médio porte venha a ser a campeã de vendas", salienta. Além do corte no IPI, o governo reduziu o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos às pessoas físicas e para operações no mercado financeiro %u2014 medida que deve liberar mais recursos para as compras parceladas e ajudar na solvência de compromissos em atraso.

Com orientação expressa da presidente Dilma Rousseff, sua equipe econômica não poupou a tinta da caneta ao assinar medidas de estímulo ao consumo e à indústria. Os fabricantes de farinha de trigo e do pãozinho, por exemplo, tiveram a isenção do PIS e da Cofins %u2014 as contribuições caíram de 9,25% para zero %u2014 prorrogada para até dezembro de 2012. Ao todo, as desonerações devem custar aos cofres públicos uma renúncia fiscal de
R$ 7,56 bilhões. Mas a justificativa é nobre: tirar o Brasil da rota da recessão que hoje assola os países da Zona do Euro e garantir o crescimento em 2012.Tamanho esforço, contudo, não é visto da mesma forma por todos os brasileiros. A professora Rosane Dantas, 32, é um deles. Ela se orgulha da vida financeira organizada e afirma que nada mudou em sua vida depois do anúncio do pacote do governo. "Faço sempre reservas e compro com dinheiro vivo ou no débito. E apenas o básico, porque a família é grande e não dá para fazer muita presença", relata. Da mesma forma, a dona de casa Clarinda dos Santos, 58, diz que só consome se tiver dinheiro. "Não aguento aperto ou parcelamentos. Não gosto de cartão, de cheque nem de boleto, muito menos dessas compras pela internet. Elas me confundem e me irritam", confessa. Se depender do comportamento de consumidoras como Rosane e Clarinda, o governo terá que pensar em novos estímulos para a economia. (Fonte: O Imparcial On line)

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