Cristina Kirchner pede a Lobão mais investimentos da Petrobras na Argentina

08-03-2012 09:03

Buenos Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deseja que a Petrobras aumente sua presença no mercado de seu país. Ela manifestou a intenção ao ministro de Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão, recebido na noite de terça-feira na Casa Rosada, sede do governo, na véspera da cerimônia de abertura da licitação para construção, pelos dois países, de duas hidrelétricas na Argentina.

Durante o encontro com Lobão, que durou cerca de meia hora, a presidente argentina disse considerar "um fato histórico" a construção das hidrelétricas pelos dois países. Ela lembrou de encontro anterior com o ministro brasileiro, quando foi decidido o acordo em que o Brasil empresta energia elétrica à Argentina durante o inverno, época de maior consumo. As hidrelétricas, segundo Cristina Kirchner, são fundamentais para a segurança energética de seu país.

Os aproveitamentos hidrelétricos binacionais Brasil/Argentina serão construídos no trecho internacional do rio Uruguai, fronteira dos dois países. Esse aproveitamento está regulamentado por um tratado assinado em 1980. Serão responsáveis pelos estudos e implantação das duas hidrelétricas a Eletrobras (pelo Brasil) e a Ebisa (pelo lado argentino).

O ministro Edison Lobão explicou que, na fase atual, concluídos os estudos de inventário, iniciam-se os estudos de viabilidade, que incluem estudos técnicos, econômicos e ambientais.

Presença - Durante entrevista na Embaixada do Brasil, na tarde de ontem, Lobão confirmou o pedido da presidente Cristina Kirchner em relação à Petrobras. Recentemente, a Petrobras vendeu sua rede de postos, como já era previsto em seus planos de investimentos, "mas ela pode voltar a atuar nessa área. Nós não fizemos isso com a Bolívia, por exemplo", disse o ministro.

O pedido de Cristina a Lobão foi feito no momento em que surgem informações de que o governo argentino estaria travando uma disputa com a petrolífera espanhola-argentina Repsol-YPF, a maior do país.

A petrolífera recebeu multa milionária em fevereiro devido a dívidas com o fisco, e teria descoberto gás não convencional na bacia de Neuquén, mas sem realizar sua exploração, segundo autoridades do governo.

A empresa nega as acusações. Segundo a imprensa argentina, o rei Juan Carlos teria ligado para a presidente, na semana passada, pedindo que os investimentos da petrolífera não fossem afetados, em meio a rumores de nacionalização da Repsol-YPF, como publicaram os jornais Clarín e La Nación, de Buenos Aires.

Lobão negou que o pedido de Cristina possa estar vinculado a esta relação com a Espanha e a Repsol-YPF.

Maior presença da estatal na Argentina será discutida

Assunto será tema de uma reunião, em Brasília, entre Edison Lobão, o ministro de Planejamento da Argentina e a presidente da Petrobras

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a maior presença da Petrobras no mercado argentino será discutida em uma reunião, a ser realizada dentro de 15 dias, em Brasília, entre ele, o ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, e a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.

O ministro se negou a comentar se a Petrobras poderia chegar a comprar participação acionária na Repsol-YPF. Segundo ele, a reunião servirá para que a Petrobras analise "os pontos de maior interesse" sobre sua atuação na Argentina.

Ele disse ainda que as acusações feitas pelo governo contra as petrolíferas - de que estariam realizando cartel de preços - é um assunto que deve ser tratado diretamente pela Petrobras.

"É claro que preocupa [o governo brasileiro], mas a Petrobras cuida diretamente disso. Não é assunto para ser tratado, penso eu, por dois presidentes ou por ministro de Estado. As companhias estão tratando disso", afirmou Lobão.

Na ocasião das acusações feitas por Cristina, assessores da Petrobras lembraram que a empresa tem participação "mínima" no setor de combustível - alvo das críticas da presidente.

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Questionado se a Petrobras pode chegar a ocupar o espaço deixado pela petrolífera Repsol-YPF, o ministro respondeu: "Não sei. Essa é uma hipótese que depois será vista pela Petrobras. Acho que o fundamental é o desejo da presidente da presença mais forte aqui. O resto é detalhe". (Fonte: O Estado do Maranhão)

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