Editorial: Portos, risco e importância

07-12-2011 09:06

O risco de afundamento do graneleiro Vale Beijing - um gigante de aço de 350 mil toneladas e R$ 120 milhões de dólares, que vive essa agonia na sua primeira viagem transportando minério de ferro de São Luís para o porto holandês de Roterdan - tem duas faces. Uma delas é a ameaça de uma pequena tragédia marítima, com graves desdobramentos ambientais na Baía de São Marcos. A outra é a reafirmação do complexo portuário do Maranhão como um dos mais importantes do Brasil e do planeta, e por isso começa a enfrentar problemas cuja solução exige investimentos cada vez mais elevados.

O problema do navio é isolado. Durante o carregamento, foi percebida uma distorção nos seus movimentos, logo identificada como rachaduras no casco por onde a água começou a entrar em grande quantidade. O comando da embarcação acionou as bombas de sucção, que garantem a retirada da água invasora na mesma proporção, assegurando assim o equilíbrio da nave. A ideia inicial foi mantê-lo atracado, para evitar riscos. Mas em seguida foi decidida a sua remoção para uma área sete quilômetros distante do porto da Ponta da Madeira.

As últimas informações colhidas ontem à noite por O Estado foram tranquilizadoras: o navio poderá ter os danos reparados sem precisar de uma operação de descarga. Mais ainda: não há maiores riscos de que ele venha a afundar. Ou seja, o Vale Beijing não terá o destino de outros colossos marítimos na sua primeira viagem. E a expectativa dos técnicos e dirigentes da Vale é a de que ele opere pelos 25 anos previstos no contrato de arrendamento, tempo em que realizará centenas e centenas de viagens transportando ferro do Brasil para os mais diferentes mercados, a começar pelo europeu.

A avaria de fábrica do gigante saído de estaleiro coreano repercutiu n o mundo inteiro. As imagens do repórter fotográfico Biaman Prado, de O Estado, correram mundo nas últimas horas, atraindo para São Luís correspondentes de agências de notícias. Claro está que a situação do navio é o foco central do interesse jornalístico, mas não há como ignorar o fato de que a importância do complexo portuário por onde é escoado o disputado minério extraído da colossal reserva da Serra de Carajás é ponto forte nesse contexto. Ponta da Madeira não é mais o distante ponto de escoamento do ferro vindo do Pará. Ele é parte de um complexo portuário de maior calado do país e o púnico em condições de receber gigantes do transporte marítimo como o Berg Stal, que só ancora com carga total em Roterdan.

O episódio em andamento - que certamente terá final feliz por uso da sofisticada tecnologia marítima - só reforça os cuidados que devem ser usados para que os valiosíssimos portos de São Luís tenham o tratamento adequado à sua importância. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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