Editorial: Alerta do comércio

05-07-2012 08:32

O movimento do comércio varejista do país manteve-se aquecido no primeiro semestre deste ano, mas o ritmo diminuiu em comparação aos dois anos anteriores, segundo dados do Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio divulgados ontem. Os negócios aumentaram 7,6%, ante 10,7% em 2010 e 9,6% em 2011. O resultado refletiria um esgotamento do poder de compra, segundo economistas. Faz sentido.

Com base em dados do Banco Central, o brasileiro hoje compromete, mensalmente, 22% de sua renda com o pagamento de dívidas. O valor dos compromissos supera os 40% e isso dificulta a capacidade de inclusão de novas parcelas. Ou seja, os elevados níveis de endividamento e inadimplência dos consumidores impediram um desempenho mais favorável da atividade varejista no primeiro semestre deste ano, levando os consumidores a priorizarem o pagamento de dívidas em vez de contraírem novos financiamentos.

De maio a junho, de um total de seis setores pesquisados, três indicaram queda nos negócios: veículos, motos e peças (de 5,5% para -4,5%); tecidos, vestuário, calçados e acessórios (de 0,1% para -2,4%) e combustíveis e lubrificantes (de 0,3% para -0,5%). Nos supermercados e demais estabelecimentos do gênero onde são vendidos alimentos e bebidas, o consumo passou de um crescimento de 0,8% para uma estabilidade. Já em dois setores restantes, ocorreram decréscimos no movimento de consumidores: nas lojas de material de construção, a taxa atingiu 0,9% ante 3,3%, e nas de móveis, eletroeletrônicos e informática l,6% ante 3,3%.

A falta de dinamismo no comércio é motivo de preocupação, porque este segmento é responsável pela formação de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas geradas no país. Por esta razão é que o governo tem concedido os incentivos fiscais.

O levantamento da Serasa mostra que os setores beneficiados pelas medidas de estímulo do governo conseguiram melhores resultados no acumulado dos seis primeiros meses do ano. É o caso, por exemplo, do comércio de material de construção, com alta de 7,7% sobre igual período do ano passado. Em veículos, motos e peças, houve crescimento de 7,4%, e em móveis, eletroeletrônicos e informática, elevação de 5,2%.

Apesar disso, a prorrogação dos incentivos como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre os setores automotivo e da linha branca (geladeira, fogões, máquinas de lavar, etc.) pode ser um pouco inócua nesses próximos meses por causa do nível de endividamento da população. O consumo só deverá melhorar em 2013, mas ainda em nível inferior ao bom desempenho ocorrido em 2010. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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