Editorial: Indústria tem de se tornar competitiva

09-01-2012 11:38

O Brasil amarga forte retrocesso na produção industrial. Comparar o desempenho dos dois últimos anos deixa claro o passo atrás. Em novembro de 2010, o acumulado de 12 meses registrou crescimento de 11,8%. O mesmo período de 2011 mostra constrangido 0,6%. O resultado se reflete na pauta de exportações. Ano passado, os produtos básicos responderam por 72% das vendas externas. O câmbio, apontado como vilão, contribuiu, sem dúvida, para o número pífio. A valorização do real frente ao dólar tornou menos competitivos os produtos nacionais na guerra por fatias das vendas destinadas ao exterior. Não só. Mesmo no mercado interno, as empresas brasileiras disputam espaço com as estrangeiras, sobretudo as chinesas. Mercadorias importadas de Pequim entram no país com preços muito inferiores aos nossos.

Embora tenha parcela de culpa, a alta da moeda não responde sozinha pelo cenário preocupante. Outros fatores têm forte relação com a queda. A extorsiva carga tributária, que engole 36% do PIB, aliada à burocracia intrincada, que exige profissionais voltados unicamente para preencher papéis, contribui para comprometer a eficiência da economia verde-amarela. A precariedade da infraestrutura cobra alto preço dos empresários. Estradas em mau estado – inseguras, mal sinalizadas, com buracos nas pistas – respondem por alta dose de desperdício de tempo, produção e custos. Portos e aeroportos não ficam atrás. São reconhecidamente ineficientes. A insegurança energética inibe investimentos e provoca perdas decorrentes de apagões.

Não é fruto do acaso a crescente desindustrialização nacional. Metade do incremento da demanda interna por manufaturados está sendo atendida por importados. Além disso, aumenta o percentual de componentes estrangeiros nos produtos aqui produzidos. O quadro preocupante levou o governo a tomar medidas tópicas – promovendo reservas de mercado ou favorecendo um ou outro setor, em geral os que contam com lobbies atuantes. O parque industrial brasileiro merece muito mais. Precisa de medidas aptas a prepará-lo para um choque de competitividade. As iniciativas passam necessariamente por redução da carga tributária, racionalidade da burocracia, eficiência da infraestrutura, investimentos em inovação, clareza nos marcos regulatórios, qualificação de recursos humanos.

Há, pois que atacar nossas fragilidades internas para ampliar o espaço externo. Ambiente produtivo amistoso se constrói com realismo e decisão de enfrentar os problemas com abrangência e determinação. Sem foco global e visão de longo prazo, o governo continuará a encenar o jogo do faz de conta. O resultado tem nome. É derrota. Perde o consumidor. Perde o Brasil. (Fonte: O Imparcial)

 

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