Editorial: Investimentos carecem de estímulos

19-07-2012 09:02

O governo corre contra o relógio para estimular a retomada dos investimentos. O aumento do consumo das famílias tem, até agora, ancorado o crescimento, mas o pavio é curto, como têm mostrado os dados mais recentes.

No primeiro trimestre, o PIB cresceu apenas 0,2% sobre o trimestre anterior, enquanto o consumo das famílias avançou 1%. Enquanto o PIB cresceu há dois trimestres a uma taxa anualizada de 0,8%, o consumo das famílias saltou 4% e parte dele foi abastecida pelas importações. O PIB industrial cresceu 1,7% em comparação com o último trimestre de 2011 e o da indústria de transformação, 1,9%. Mas, em comparação com o primeiro trimestre de 2011, o PIB industrial ficou estagnado (crescimento de 0,1%) e o da transformação encolheu 2,6%. A produção industrial mostrou em maio queda de 4,3% sobre igual mês de 2011.

Para que a produção industrial acompanhe o ritmo do consumo, será necessário ampliar os investimentos. Em 2011, a taxa de investimento do país ficou em 19,3% do PIB, abaixo dos 19,5% registrados em 2010. No primeiro trimestre, o investimento completou nove meses seguidos de retração e ficou em 18,7% do PIB. O investimento caiu 0,6% no terceiro e no quarto trimestres de 2011, e 1,8% no primeiro deste ano, acumulando uma retração de 3%. Calcula-se, porém, que o investimento tem que ser de 24% a 25% do PIB para que o país cresça ao redor de 4% sem pressão inflacionária. O governo, já disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, gostaria que o investimento superasse 20% do PIB neste ano.

No entanto, o cenário internacional desfavorável, com o aprofundamento da crise na zona do euro, a desaceleração da China e a fragilidade da economia americana, a situação delicada de boa parte da indústria, e a perspectiva de crescimento mais fraco da demanda afetaram o investimento neste início de ano.

Levantamento feito pelo Bradesco mostra que houve uma redução de 5,4% no número de projetos de investimento anunciados no primeiro semestre em comparação com igual período de 2011. A maior parte (57,3%) é de projetos em serviços e comércio; 38,3% são projetos industriais e apenas 4,4% da agroindústria.

O capital estrangeiro também se retraiu. O investimento estrangeiro direto diminuiu 13,7% em comparação com o investido em igual período de 2011, somando US$ 23,3 bilhões. A expectativa é que o número vai ficar em US$ 50 bilhões no ano, 25% inferior aos

US$ 66,7 bilhões do ano passado. De janeiro a maio, o fluxo do investimento estrangeiro direto para a indústria ficou em US$ 10,3 bilhões, 44% a mais que no mesmo período de 2011.

Sondagem sobre investimentos da indústria recentemente realizada pela Fundação Getúlio Vargas mostra que a incerteza dos empresários em relação ao futuro é a mais elevada desde 2009, em função da crise na zona do euro e da situação na Argentina, principal mercado para manufaturados brasileiros.

O governo tomou uma série de medidas para estimular o investimento, mas algumas delas não entraram em vigor porque as Medidas Provisórias que as regulamentam ainda não foram aprovadas pelo Congresso. A oposição está obstruindo a votação das MPs do Plano Brasil Maior, que inclui a desoneração da folha de pagamento e a redução dos juros dos financiamentos do BNDES. As MPs têm validade até 15 de agosto e, se não forem aprovadas, os planos de incentivo à indústria perdem o suporte legal. (Valor Econômico). (Fonte: O Estado do Maranhão)

 

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