Empresário viaja para definir com sócios futuro da fábrica da JAC
Por Marli Olmos | Valor
SÃO PAULO - O empresário Sérgio Habib, importador da marca de carros chinesa JAC, viaja para a China no fim de semana. Será o primeiro encontro dele com os representantes da marca depois que o governo elevou o IPI dos modelos importados em 30 pontos percentuais e estabeleceu, por meio de decreto, que a mesma medida se aplica a carros produzidos no país com índice de nacionalização abaixo de 65%.
Habib e JAC preparavam um projeto de sociedade para a construção de uma fábrica no Brasil quando foram surpreendidos pela medida. O empresário brasileiro disse, na semana passada, que nas atuais condições o projeto não poderia ser levado adiante, embora a empresa ainda não tivesse desistido do empreendimento.
Falta agora, portanto, os dois lados da sociedade definirem se vão ou não manter o plano de investir em torno de US$ 600 milhões numa fábrica que teria, segundo projeções iniciais, a capacidade de produzir 100 mil veículos por ano a partir de 2014.
Os resultados da discussão entre os sócio brasileiro e os chineses deverão aparecer na próxima semana. Mas até lá, o quadro pode mudar, já que os demais importadores ainda discutem formas de convencer o governo federal a reverter a decisão ou modificá-la em favor das empresas que pretendem investir no Brasil.
O principal argumento é que os projetos industriais do setor sempre começam com índices de nacionalização baixos. É aos poucos que essas empresas aumentam as compras de componentes produzidos do Brasil. Precisam sempre de um tempo para escolher fornecedores locais, que, por sua vez, precisam se adaptar a qualquer projeto de um novo automóvel. No projeto de fábrica da JAC no Brasil seria a primeira vez que haveria sociedade entre um grupo estrangeiro que já produz veículos com um empresário local.
A Chery, outra marca chinesa que em julho já lançou a pedra fundamental de sua fábrica em Jacareí (SP), obteve esta semana na Justiça Federal liminar que a livra do aumento de 30 pontos percentuais do IPI. A Chery anunciou planos de começar a produzir com Brasil com apenas 30% de peças nacionais, elevando o índice para 50% posteriormente. Nesse projeto,o custo do investimento de US$ 400 milhões será totalmente bancado pela empresa chinês.
(Marli Olmos | Valor)
FONTE: VALOR ECONÔMICO, EMPRESAS