Engenheiros sul-coreanos chegam a São Luís para avaliar graneleiro

08-12-2011 10:36

Oito engenheiros sul-coreanos da empresa STX Pan Ocean, proprietária do navio Vale Beijing, desembarcaram ontem em São Luís para avaliar as avarias e definir que tipo de intervenção será feita no graneleiro. Há possibilidade de que os reparos sejam feitos no navio, nas próximas horas. Os engenheiros também estudam retirar a carga da embarcação, o equivalente a 384,3 mil toneladas de minério de ferro. Ontem, em entrevista coletiva em Londres, o diretor de Minério de Ferro e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, considerou a situação "muito séria" e afirmou que cobrará explicações à STX, pelo fato de o problema no navio ter provocado um impacto negativo no cronograma de operações da Vale e consequentemente no faturamento da mineradora.

De acordo com o capitão-de-mar-e-guerra, Nelson Calmon Bahia, comandante da Capitania dos Portos do Maranhão, é possível, mas não provável, que as intervenções ocorram de imediato no graneleiro. Ele disse que há vários critérios a serem levados em consideração numa operação desta envergadura. "Essa é uma decisão que pode ser um pouco demorada, pois a equipe que veio a São Luís deverá passar todos os dados para a central da empresa, que está na Coreia. Mas, por enquanto, não há qualquer tipo de operação definida", garantiu.

Os engenheiros sul-coreanos verificam a estabilidade do navio, o risco de naufrágio (que foi reduzido com a sua remoção para o alto-mar), o risco de aumento das avarias, a possibilidade de vazamento de óleo de do minério de ferro que está estocado nos porões, além de uma série de especificidades técnicas que envolvem a situação do graneleiro. A equipe que desembarcou em São Luís se juntará a outro engenheiro e técnicos da empresa, que estavam na capital desde terça-feira. "Vamos aguardar a decisão dos engenheiros e acompanhar o processo", disse Bahia.

Por meio de nota divulgada na noite de ontem, a Marinha do Brasil informou que o navio não sofreu alteração em suas avarias. Informou também que além dos engenheiros sul-coreanos, desembarcaram ontem em São Luís técnicos da Sociedade Classificadora do navio e do P&I, para inspecionarem o navio e avaliarem a conduta a ser realizada. A nota afirma também que não há possibilidade de derramamento de óleo ou de minério de ferro no mar, pelo navio.

Remoção - O navio, carregado com 384,3 mil toneladas de minério de ferro, e que custou US$ 110 milhões, foi entregue no dia 23 de novembro. A embarcação, uma das maiores do mundo, atracou no porto Ponta da Madeira na última sexta-feira, em sua primeira operação, e deveria ter zarpado no domingo, após a conclusão do carregamento. O graneleiro seguiria para o porto de Rotterdam, na Holanda. A tripulação, no entanto, percebeu que havia problemas na estrutura do lastro do navio, por causa da entrada de água do mar nos tanques, e suspendeu as operações.

O Pier I do porto Ponta da Madeira foi interditado e os órgãos reguladores acionados para iniciarem as perícias técnicas. A Capitania dos Portos abriu um Inquérito Administrativo para apurar as causas do acidente e encaminhará posteriormente o caso para julgamento no Tribunal Marítimo. O órgão do Judiciário é quem deverá punir os culpados, que serão apontados no laudo da Marinha do Brasil.

Na última terça-feira, a embarcação foi removida por seis rebocadores, para a área de fundeio número seis do Porto do Itaqui. Com a operação, a Capitania afirmou ter sido reduzida quase a zero a possibilidade de naufrágio. Isso porque, no TMPM, a traseira do navio estava afundando numa área considerada rasa (23 metros de profundidade). Faltava apenas um metro para a estrutura do navio encostar no fundo do mar e, se isso acontecesse, ele poderia partir-se ao meio, espalhando o minério que está a bordo.

Onde está ancorado agora, a profundidade é bem maior, cerca de 30 metros, e a visibilidade é melhor para o trabalho dos técnicos que vão tentar consertar o navio.

Vale pede explicações à STX

O diretor de Minério de Ferro e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, afirmou ontem que a situação do navio Vale Beijing, que teve de ser removido do Terminal Marítimo Ponta da Madeira (TMPM) para uma área de fundeio na Baía de São Marcos por correr risco de naufrágio, "é muito séria". Ele cobrou explicações à STX Pan Ocean, proprietária do graneleiro, disse que a companhia não pretende alterar o contrato de 25 anos firmado com a empresa, com fins de fretamento de minério, e revelou que a Vale pode não recuperar os prejuízos acumulados durante os dias em que o Pier I do terminal ficou inoperante. As declarações foram dadas em uma entrevista coletiva, durante um evento da Vale em Londres.

De acordo com José Carlos Martins, as 750 mil toneladas de minério de ferro que deixaram de ser embarcadas ao longo de três dias, devido à interrupção parcial das operações do terminal, poderão afetar o desempenho da mineradora em 2011. "Não sei se vamos recuperar isso este ano", lamentou.

Martins reafirmou que a Vale acompanha de perto a situação do navio ancorado na Baía de São Marcos e disse que espera um posicionamento da STX Pan Ocean, contratada pela mineradora por 25 anos para fazer o transporte de minério de ferro do Brasil para a Europa. "A situação é muito séria. É um navio novo em folha, não é usual que aconteça esse tipo de problema. Por enquanto, não temos uma solução final para isso. Nós realmente queremos entender o que aconteceu. Espero que eles [STX] tenham uma explicação muito boa", enfatizou.

Ele negou que a Vale esteja revendo sua estratégia logística de encomendar navios de grande porte como o Vale Beijing, com capacidade para 400 mil toneladas, após o ocorrido. Mas disse que a empresa está aberta a vender parte da frota, embora tenha afirmado que não há negociações em curso com esta finalidade. "Estamos abertos [a vender os navios], mas não há negociações. Não queremos ser donos de navios. Nosso objetivo é chegar à Ásia de forma competitiva", disse ele, lembrando que a viagem entre Brasil e China dura 45 dias, enquanto a viagem entre China e Austrália, seu principal competidor, dura cerca de 10 dias.

Mais

O Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)solicitou que a STX monte uma espécie de proteção no entorno do navio, para que haja proteção em caso de naufrágio. Isso porque poderá haver vazamento de óleo e de minério de ferro, estocado nos porões do navio. O Ibama também solicitou à Capitania dos Portos que fosse montado um Plano de Contingência, para o caso vazamentos. Desta forma, todas as organizações que atuam na região portuária de São Luís, poderão ser acionadas para agirem. A Capitania dos Portos, por sua vez, afirmou por meio de nota, que não há risco de vazamento de óleo ou de derramamento de minério de ferro e que não há alterações nas avarias do graneleiro Vale Beijing. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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