Estados mais ricos têm evasão no ensino médio perto de 50%, diz o Ipea

11-01-2012 10:25

Por Rodrigo Pedroso | Valor

SÃO PAULO – A evasão escolar do ensino médio em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia e Minas Gerais beira os 50%. De acordo com o estudo Presença do Estado no Brasil, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado nesta terça-feira, esses Estados, que figuram entre os mais ricos da federação, estão com as taxas mais baixas do país.

Segundo o levantamento, da população com faixa etária entre 15 e 17 anos, 45,6% deixaram de cursar o ensino médio em São Paulo, mesmo número do Rio de Janeiro, o nono colocado. No Paraná, a evasão era de 45,5%; na Bahia, de 48,7%; e em Minas Gerais, de 46,9%. O Estado com menor evasão é o Distrito Federal, com 31,2%, enquanto o que apresenta maior porcentagem de desistências é Rondônia: 68,4%. Os cálculos têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009.

O estudo do Ipea aponta que uma das principais causas da evasão do ensino médio brasileiro é a alta taxa de reprovação no ensino fundamental. Além disso, alunos de famílias de baixa renda contribuem para o fenômeno. Os sete Estados com maiores índices de desistência são da região Norte, e todos com taxas acima de 60%. Além de Rondônia, Acre (66,7%), Amazonas (65,6%), Roraima (63,9%), Pará (63,5%), Amapá (62,3%), Tocantins (61,8%), Maranhão (60,4%) e Piauí (60,1%) apresentam índices considerados elevados.

No ensino fundamental, a situação melhora. O Pará é o Estado com menor porcentagem de alunos entre seis e 14 anos frequentando as aulas: 87,2%. Mato Grosso do Sul possui 94,4% de sua população nessa faixa etária estudando. São Paulo conta com 93,4%.

Para o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, há correlação entre os maus resultados dos Estados do Norte e a política de educação do país. “O Estado não está colocando seus maiores esforços onde as carências são maiores. Esse modelo aprofunda ou mantém as desigualdades regionais”, afirmou, para depois criticar a taxa de evasão do país. “Ainda não temos, como pensávamos, acesso universalizado ao ensino fundamental. E no ensino médio a diferença regional é acentuada. Isso é inadmissível se o país quiser dar o salto para virar uma sociedade do conhecimento.”

O estudo do Ipea também mostrou desigualdade regional na qualificação dos professores. No Norte, 51,9% dos docentes que atuam no ensino fundamental não possuem ensino superior. Na região Sul, o índice é de 18%, enquanto no Sudeste é de 18,3%. No ensino médio, a diferença diminui um pouco. No Nordeste, 18,7% dos professores não fizeram licenciatura. No Sudeste, a porcentagem cai para 3,9%. “Não é uma relação direta, mas há correlação entre maior aprendizagem do professor e o nível de ensino. O problema no país não é número de escolas, pois elas existem em número suficiente, mas a qualidade do que é ensinado”, diz Pochmann.

A deficiência na área de educação no país também é refletida em levantamento sobre o acesso a cultura. Segundo estudo do Ipea, 378 municípios brasileiros não possuem biblioteca pública. Apenas 28% deles possuem livrarias, enquanto museus existem em 23,3%. Quadro semelhante é o de centros culturais, com presença em 29,3% dos municípios. Salas de cinemas existem em 9,1% deles, sendo que 53,1% delas estão concentradas em cidades do Sudeste. (Fonte: Valor Econômico)

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