Expansão da Vale no Norte terá US$ 3 bi em porto e ferrovia

24-02-2011 14:31

 

Uma ponte de concreto com mais de um quilômetro de extensão avança da terra para o mar na Baía de São Marcos, em São Luís, no Maranhão. Na extremidade dessa ponte em construção, no terminal marítimo de Ponta da Madeira, pertencente à Vale, navios graneleiros vão começar a carregar minério de ferro a partir de 2012. A obra é hoje o principal projeto portuário da mineradora no país. E será essencial para garantir o escoamento de Carajás, no Pará, onde irá se concentrar o crescimento da produção de minério de ferro da Vale até 2015.

Será ali, no norte do Brasil, que a Vale vai assegurar a maior expansão nos minerais ferrosos nos próximos cinco anos. Quase metade da produção de 522 milhões de toneladas de minério de ferro prevista pela empresa para 2015 sairá de Carajás. Para transportar essa produção crescente, a Vale enfrenta enormes desafios logísticos e terá de investir pesado na ampliação da infraestrutura existente dentro de um conceito de integração entre mina, ferrovia e porto.

Em uma primeira fase, até 2012, a meta da Vale é aumentar a produção de minério de ferro do seu sistema norte em cerca de 30%. O volume de produção de 115 milhões de toneladas previsto para 2011 deverá atingir 150 milhões de toneladas no ano que vem. Para acompanhar esse crescimento, serão investidos cerca de US$ 3 bilhões no aumento da capacidade do sistema logístico no norte, dos quais US$ 1,28 bilhão a ser aplicado neste ano. Até o início de 2015 o sistema norte da Vale deverá produzir 230 milhões de toneladas de minério de ferro, volume que poderá ser ainda maior.

Os investimentos totais da Vale em logística para suportar esse crescimento no norte do país em um horizonte de cinco anos, incluindo ferrovia e porto, poderão atingir cifra próxima de US$ 7 bilhões. O volume de 150 milhões de toneladas em 2012 será obtido com projeto que vai adicionar mais 30 milhões de toneladas à produção na serra norte de Carajás. Trata-se de uma expansão. Mas, para chegar a 230 milhões de toneladas no fim de 2014, a Vale conta com o desenvolvimento de um projeto novo, na serra sul de Carajás, com capacidade de produzir 90 milhões de toneladas por ano e que será desenvolvido em fases.

Eduardo Bartolomeo, diretor-executivo de operações integradas da companhia, diz que em cinco anos a Vale produzirá no Norte um volume adicional semelhante ao que levou 25 anos para produzir naquela região. O primeiro trem de minério partiu de Carajás em janeiro de 1985 e, no ano passado, o sistema norte atingiu produção de cerca de 110 milhões de toneladas. Os números precisos sobre o ano passado serão conhecidos hoje, quando a mineradora apresenta os resultados consolidados de 2010.

No ano passado, Bartolomeo, que era diretor de logística, assumiu a diretoria-executiva de operações integradas, que reuniu sob uma mesma gestão os sistemas de mina, ferrovia e porto. A base de ativos operada por essa diretoria representou mais de 80% do faturamento total da Vale no terceiro trimestre de 2010, de US$ 14,5 bilhões. Corredores com maior integração logística entre porto e ferrovia representam redução de custos. Um exemplo está nos menores custos relativos de demurrage (o tempo que o navio leva para atracar e carregar no porto).

Cadeias logísticas não integradas no segmento de granéis, excluindo o minério, geram custos adicionais que chegam a US$ 740 milhões por ano, valor suficientes para construir um novo porto no Brasil, diz Bartolomeo. Ele afirma que a Vale começou a planejar, há três anos, obras que hoje estão em plena execução e que devem ganhar força até 2015. O esforço passa por garantir o crescimento da produção e evitar gargalos que podem surgir por aumento da demanda, em especial da China, como ocorreu no passado. A iniciativa é conhecida na Vale como Projeto de Capacitação Logística Norte (CLN).

Na primeira fase do projeto, o conselho de administração da Vale aprovou um conjunto de obras para levar a produção para 150 milhões de toneladas em 2012. Os investimentos aprovados são a construção do quarto píer no terminal marítimo de Ponta da Madeira e o aumento da capacidade de transporte da Estrada de Ferro de Carajás (EFC), linha férrea de 892 quilômetros que leva o minério de ferro das minas, no Pará, até os navios, em São Luís.

José Roberto Diniz, líder-executivo do CLN em São Luís, disse que as obras na ferrovia já começaram em parte dos 120 quilômetros que passarão por intervenções até 2012. Em um segundo momento, até 2015, a ferrovia estará toda duplicada. A EFC é uma linha simples com 56 pátios para manobras dos trens. A ampliação consiste em fazer conexões nos trechos da ferrovia onde há gargalos. Em Ponta da Madeira, também há um terminal ferroviário que, em uma primeira fase, vai ganhar 80 quilômetros de novas linhas, mais dois pátios para depósito de minério e dois novos viradores de vagões.

No porto, a ponte de acesso hoje com 1,1 quilômetro deverá ser concluída em junho, quando vai atingir 1,6 quilômetro de extensão. O píer quatro terá dois berços para atracação de navios e o primeiro deles começará a operar em meados de 2012 atendendo navios de 400 mil toneladas de porte bruto, chamados Valemax.

Na segunda fase, até o fim de 2014, será concluída a expansão da EFC e a construído um ramal ferroviário de 90 quilômetros ligando as minas de serra norte e serra sul, em Carajás. O píer quatro de Ponta da Madeira vai ganhar mais um berço e equipamentos. Hoje, o terminal marítimo de São Luís tem outros dois berços em operação. Na área ferroviária, as novas linhas no terminal maranhense vão chegar a 120 quilômetros e haverá mais quatro pátios para minério e mais dois viradores de vagões. Todos esses investimentos mostram que no norte do país está o futuro mais promissor para a Vale em termos de crescimento da produção de minério no Brasil.

 

(Fontes: VALOR ECONÔMICO, EMPRESAS)

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