Fapema investirá R$ 1,3 milhão em projetos de inovação no MA

15-07-2012 09:49

Você já imaginou uma cadeira de rodas que funcione com tração mecânica, mas lembra uma bicicleta? Ou já imaginou o uso de caneletas dentro do seu banheiro para reduzir os gastos com manutenção no sistema hidráulico de sua casa? E o que você diria se, chegando ao supermercado, o chocolate estivesse mais barato porque a máquina utilizada na sua produção dispensou a energia elétrica e utilizou a solar? Se esses desejos parecem distantes, saiba que eles podem estar mais próximos de se tornar reais graças ao incentivo oferecido pelo edital Programa de Apoio à Pesquisa em Empresa (Pappe), da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).

“O Pappe é um programa que garante apoio financeiro, na forma de subvenção econômica, por meio do custeio de atividades de pesquisa, desenvolvimento ou inovação que são realizadas por micro e pequenas empresas de maneira individual ou por meio de consórcios”, explicou a diretora presidente da Fapema, Rosane Guerra. O trabalho é promovido pelo Governo do Estado, por intermédio da Fapema, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema).

Em junho, o edital beneficiou seis empresas das áreas de engenharia, humanas e exatas e da terra. Os projetos de subvenção vão disponibilizar recursos de R$ 1,3 milhão. Há dois anos, os editais receberam o reforço do Sistema Fiema, que tem um núcleo de inovação que desenvolve ações de apoio e sensibilização nessa área. “A parceria é fundamental, porque a atuação conjunta possibilita a criação de programas mais assertivos, que levem às empresas maranhenses oportunidades de conhecimento em inovação, contribuindo para o aumento de sua competitividade”, destacou a coordenadora do Núcleo de Interação da Universidade Indústria (entidade ligada à Fiema), Michele Frota.

Para o coordenador do setor de Inovação e Empreendedorismo da Fapema, Tonicley Silva, o programa tem o caráter de desenvolver ações que busquem atrair o novo e torná-lo economicamente viável. “Mas esse novo não precisa ser algo 100% novo, até porque quando a gente trata de inovação, algo inédito é complicado de a gente encontrar. Mas queremos incentivar algo que melhore o desempenho, que traga avanços a um sistema que já existe, visando à melhoria da eficiência e da qualidade”, observou.

Chocolates - A filosofia do apostar no novo, dando a ele uma roupagem diferente da que já foi adotada, está impulsionando o trabalho da empresária Conceição Alencar Pinheiro. Ela gerencia a Fábrica de Chocolates Maroto, cujo processo foi beneficiado com recursos de R$ 180 mil para dar luz, literalmente, a um projeto simples: alavancar as vendas da sua empresa, por meio da energia solar. “Hoje, todo o processo de automação da empresa é com base na energia elétrica. Queremos transformar a maior parte do processo de fabricação do chocolate para energia solar”, entusiasmou-se.

A empresa entrou com uma contrapartida de R$ 50 mil para tirar do papel a ideia de economizar energia e impulsionar as vendas, barateando o custo e o produto final para o consumidor. A utilização da energia solar deve ser feita por meio de um boiler, desenvolvido por técnicos do Senai, parceiros na elaboração do projeto. Depois de instalado, o equipamento terá capacidade para guardar energia que poderá ser utilizada em dias em que não houver energia solar.

“Utilizaremos a energia solar para o derretimento do chocolate, que é o primeiro momento da fabricação e demanda muita energia. E depois usaremos também no fim do processo, com a higienização dos materiais. O processo está em um excelente andamento, e nós só estamos aguardando agora a liberação da primeira parcela dos recursos para iniciarmos em definitivo a construção do equipamento”, comemorou Conceição Alencar. A expectativa é de que até janeiro de 2013 os primeiros testes já possam ser realizados e em 2014 todo o processo já esteja consolidado, com a fábrica já utilizando o novo sistema.

A troca de matriz energética, de elétrica para a solar, deve representar ganhos matemáticos simples: menos gastos com energia, multiplicação da receita, economia de 50% com todo o gasto de produção, que no fim, vai render lucro à empresa e redução de preços para o consumidor. “Sem contar que com o aumento da produção, vamos precisar contratar e mais gente trabalhando significa aquecimento na economia”, festeja a empresária.

Na visão de Tonicley Silva, o projeto de utilização da energia solar não é “a invenção da roda”, mas é diferencial e inovador porque adota para a realidade daquele empreendimento o que pode ser feito para reduzir custos. “A gente, então, busca mais esses projetos, que primem pela eficiência e inovação de custos. Alguma coisa que torne aquela empresa mais competitiva no mercado e melhore o processo dela”, explicou.

Projetos inovadores foram beneficiados pelos editais

Um deles foi a Parabike, um novo conceito de cadeira de rodas para facilitar a locomoção

Além do projeto da utilização de energia solar para a fábrica de chocolate aprovado e contemplado pelo edital do Pappe, outros trabalhos mereceram destaque, como a elaboração de um sistema integrado de gestão de eventos, feiras e exposições, focado na automação de processos e prestação de informações multimídia aos participantes e organizadores. O trabalho figura na área de humanas. Os demais projetos executados são na área de engenharia, como o envase de iogurte; caneleta para banheiros: uma solução de baixo custo para redução de gastos com manutenção no sistema hidráulico de moradias e o projeto de uma cadeira de rodas híbrida, batizada de Parabike, um novo conceito em cadeira de rodas com tração mecânica.

O criador da Parabike, o engenheiro Celso Oliveira contou que o projeto surgiu da observação das dificuldades enfrentadas por pessoas com mobilidade reduzida que utilizam cadeiras de rodas. “Tenho um amigo, Élcio, cadeirante e pude ver com ele essas dificuldades. A partir daí, comecei a trabalhar em um sistema que pudesse oferecer uma locomoção mais tranquila e que dê leveza ao cadeirante, diferentemente da cadeira de rodas tradicional e da elétrica”, explicou.

Essa diferença está, segundo Celso Oliveira, no fato da Parabike oferecer uma mobilidade maior e com conforto, o que em sua visão não existe na cadeira de rodas tradicional, e não deixando o usuário ocioso – o que ocorre com utilização da cadeira de roda elétrica, operada por controle. “É para preencher uma lacuna entre elas. Sem contar no valor. O custo da Parabike ficaria só hoje em torno de 30% superior ao de uma cadeira de rodas tradicional, mas com um ganho de mobilidade. Ela é ergonomicamente correta, pode fortalecer o sistema cardiovascular e dar conforto e segurança que compensariam isso”, analisou o inventor.

Empenhado em ações para aprimorar a invenção nos últimos três anos, o engenheiro acredita que seu projeto, que tem o aporte financeiro da Fapema, no valor de R$ 175 mil, pode melhorar ainda mais com o apoio de parceiros do projeto, como os pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão. “Os professores acharam muito boa a proposta. Esse apoio vai nos permitir melhorar o design e mudar a cara que as pessoas têm hoje do que é uma cadeira de roda”, projeta.

Pesquisas

A falta de projetos que sejam beneficiados com todos os recursos disponíveis no edital do Pappe vai possibilitar, no entanto, a abertura de uma nova chamada, em que empresas e inventores podem se inscrever, e terão a oportunidade de ver seus projetos analisados e transformados em novos projetos científicos maranhenses. A previsão é de que o novo processo seja efetivado ainda no segundo semestre deste ano. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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