Ferrovia Norte-Sul deverá ser entregue no segundo semestre, confirma Valec

30-03-2011 08:42

 

Lançada há 24 anos, no governo do então presidente José Sarney, e interrompida em seguida, a Ferrovia Norte-Sul deverá ser finalmente entregue no segundo semestre deste ano, segundo estima a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias. As obras em fase de conclusão correspondem ao traçado originalmente aprovado para a ferrovia, que parte de Açailândia, no Maranhão, e vai até Anápolis, em Goiás, cobrindo 1.574 km.

Nos últimos anos, o projeto foi ampliado com a inclusão de um trecho de 618 quilômetros entre Ouro Verde (GO) e Estrela d’Oeste (SP), e com a extensão dos trilhos de Açailândia até Belém (PA), somando quase 3,1 mil quilômetros e formando uma espécie de coluna dorsal do novo sistema ferroviário brasileiro.

Alvo de denúncias e suspeitas desde o nascedouro, o projeto da Norte-Sul enfrentou, mais recentemente, uma série de adiamentos provocados ora por suspeitas de irregularidades apuradas pelo Tribunal de Contas da União, ora por questões ambientais e, nos últimos meses, pelo excesso de chuvas em Goiás.

As obras, que deveriam ter sido concluídas em julho de 2010, foram adiadas para dezembro do mesmo ano, depois para abril deste ano, em seguida para junho e, mais recentemente, para o segundo semestre. Até o momento, a Valec instalou, diretamente ou por meio de subconcessão, no caso do trecho entre Araguaína e Palmas, em Tocantins, realizado pela Companhia Vale do Rio Doce, 719 quilômetros de trilhos, correspondentes a 45,7% do traçado original. O trecho concluído interliga Açailândia e Palmas, capital tocantinense. Continuam em obras os 855 quilômetros de ferrovia que completarão a conexão entre Palmas e Anápolis.

Investimentos - O balanço oficial divulgado pela assessoria da Valec engloba investimentos de R$ 5,71 bilhões realizados de 2007 a 2010, com previsão de mais R$ 3,13 bilhões a partir de 2011, totalizando R$ 8,84 bilhões. A ligação com Belém, na ponta norte, ainda está em fase de definição de projeto, mas a construção do trecho final, de Ouro Verde, próximo a Anápolis, até Estrela d’Oeste, já foi licitada.

Dividida em cinco lotes, com custo total de R$ 2,348 bilhões, a construção desse trecho será tocada pelos consórcios Aterpa/Ebate, Queiroz Galvão/Camargo Corrêa (que assumiu dois lotes), Constran/Egesa/Carioca e pela empresa Triunfo Iesa Infraestrutura (Tiisa).

A ferrovia já transporta minérios e grãos nos trechos concluídos e deverá carregar ainda etanol e outros biocombustíveis, açúcar e cargas gerais, prevendo-se um fluxo de contêineres da Zona Franca de Manaus até Anápolis, onde está prevista a construção de um entreposto de distribuição de produtos do pólo industrial amazonense.

Projeções e estudos preliminares contratados pela Valec apontam a possibilidade de implantação de 42 usinas de etanol e biocombustíveis ao longo da ferrovia nos trechos entre o sul do Maranhão, norte e centro de Goiás, passando obviamente pelo Tocantins. Desse total, prevê-se a instalação de 24 unidades em Tocantins, 11 novas plantas em território goiano e sete para o Maranhão, com potencial para produzir, anualmente, em torno de 180 milhões de litros de álcool.

A estimativa é de que cada um desses empreendimentos exija investimento médio de

R$ 328 milhões, o que corresponderia a uma injeção de recursos da ordem de R$ 13,80 bilhões em valores aproximados.

Interesse chinês - As possibilidades abertas pela construção da Norte-Sul atraem o interesse chinês. Em breve, o governo de Goiás receberá uma missão comercial liderada pela estatal chinesa de desenvolvimento agrícola China National Agricultural Development Group Corporation para discutir os termos de um projeto para produção e exportação de soja, com investimentos estimados de US$ 7 bilhões a US$ 7,5 bilhões.

No raio de influência da ferrovia em Goiás, em seu trecho original, saindo de Anápolis em direção a Tocantins, cobrindo 138 municípios e um total aproximado de 20 milhões de hectares, a Valec calcula que 9,7 milhões podem ser considerados aptos à exploração agrícola e destes apenas 1,4 milhão de hectares estão de fato ocupados por lavouras, restando, portanto, 8,3 milhões, suficientes para produzir 25 milhões de toneladas de soja.

(Fonte: O Estado do Maranhão, Ed. 17.760, Economia – pág. 07)

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