Ferrovias brasileiras demandam R$ 151,3 bilhões em investimentos

18-12-2011 11:12

Brasília - A construção, a duplicação e a recuperação das ferrovias brasileiras, mais o saneamento dos gargalos logísticos e operacionais, demandam R$ 151,3 bilhões em investimentos. A conclusão é da Pesquisa CNT de Ferrovias 2011, divulgada semana passada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Mas, apesar dos problemas, a quantidade de carga transportada pelo modal ferroviário cresceu 16,3%, saindo de 404,2 milhões de TU (toneladas úteis) em 2006 para 470,1 milhões em 2010.

Entre os principais gargalos, estão as invasões da faixa de domínio (construções próximas aos trilhos). Sua remoção, estima a CNT, teria um custo de R$ 70,3 milhões. Outro problema são as passagens em nível, que são os cruzamentos com rodovias e vias urbanas. Das 3.375 existentes no país, 279 são críticas. A pesquisa aponta ainda a necessidade de unificar o tipo de bitola usada no país, a aquisição de nova tecnologia e a regulamentação do setor.

A cifra para sanar os problemas está acima do total investido de 1997 (quando começou a concessão para a iniciativa privada) a 2010. Neste período, foram R$ 24 bilhões investidos pelas concessionárias e R$ 1,3 bilhão pela União. A CNT estima em R$ 3 bilhões os investimentos privados em 2011.

“A iniciativa privada tem expectativa de R$ 3 bilhões por ano até 2015, pelo menos, para que possamos ter material rodante, melhoria na via e na tecnologia empregada no sistema, bem como capacidade profissional”, disse Rodrigo Vilaça, presidente-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).

A CNT diz que a concessão para a iniciativa privada permitiu a elevação dos investimentos. A carga transportada cresceu 86% de 1997 a 2010, mais do que os 48,6% da variação do PIB no período. Por outro lado, a pesquisa ressalta que "permanece a responsabilidade do governo em promover a expansão da malha ferroviária nacional, assim como a resolução dos problemas relacionados ao setor".

“O Brasil tem característica rodoviarista. Tendemos a chegar ao padrão americano, algo como 42% da matriz de transporte sendo movimentada por ferrovia”, disse Vilaça, defendendo o transporte multimodal, com o uso conjunto de rodovias, ferrovias, hidrovias e aviões.

Ampliação - Para ele, o país precisa chegar a pelo menos 52 mil km de ferrovias. Hoje há 30.051 km, principalmente no Sul, Sudeste e Nordeste, dos quais 94,4% são operados por empresas privadas. São 12 malhas concedidas - 11 à iniciativa privada e uma à estatal Valec - totalizando 28.614 km para o transporte de cargas. O restante é de malhas locais, operadoras de trens urbanos e turísticos.

A pesquisa também avaliou a satisfação dos clientes nos 13 principais corredores ferroviários do país. Estes corredores começam em regiões produtoras e consumidoras, interligando-as aos principais portos, podendo incluir trechos operados por mais de uma concessionária. Apesar dos gargalos, em oito dos 13 corredores, a avaliação positiva superou a negativa no período de 2006 a 2010.

O principal problema para o desenvolvimento do transporte ferroviário de cargas, apontado por 39,4% dos clientes desses corredores, é o custo do frete. Em seguida, vêm a falta de disponibilidade de vagões especializados (33,3%) e de confiabilidade dos prazos (31,1%), causada, entre outros motivos, pela baixa velocidade dos trens.

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O minério de ferro é o principal produto transportado nas ferrovias brasileiras, chegando a 71% do volume movimentado em 2010. Outras cargas importantes são os produtos agrícolas, como soja, açúcar e milho. A pesquisa diz ainda que, em 2010, as concessionárias empregaram 38,5 mil pessoas, de forma direta e indireta. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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