Greenpeace, guserias e expectativa

16-05-2012 10:44

 

O protesto que o Greenpeace faz na Baía de São Marcos contra a produção de ferro-gusa coloca o Maranhão no centro de um debate que pode ganhar corpo dentro e fora do Brasil às vésperas da Rio+20, a conferência mundial que reunirá no país representes de todas as nações para discutir o futuro ambiental do planeta. Claro está que a ONG ambientalista mais importante do mundo montou sua operação dentro desse calendário, exatamente para chamar atenção dos que se preparam, nos diversos continentes, para debater questões delicadas e decisivas na Conferência marcada para o mês que vem, no Rio de Janeiro.

O Greenpeace impede a atracação do cargueiro Clipper Hope no Porto de Ponta da Madeira para receber um carregamento de 31,5 mil toneladas de ferro-gusa destinado à indústria siderúrgica norte-americana para alimentar a indústria automobilística daquele país. Os ativistas da organização voltada para a preservação ambiental embarcaram no gigante de aço e prometem "ocupá-lo" por tempo suficiente para tornar seu protesto visto por milhões de pessoas no mundo inteiro.

Inevitável a pergunta: por que o Greenpeace escolheu logo as guserias do Maranhão para fazer um protesto global? A resposta é óbvia: há muito tempo as guserias instaladas ao longo da Ferrovia Carajás, situação que lhes garante acesso fácil ao minério de ferro, estão sob suspeita de infringir algumas normas ambientais, trabalhistas e sociais. Várias foram as denúncias feitas nesse sentido ao longo dos anos, algumas foram confirmadas e resolvidas, outras permaneceram sob forte suspeitas e umas poucas não foram constatadas. Nesse período, as guserias se defenderam com um forte corporativismo, mas a posição do grupo industrial não inibiu as investigações.

São dois os problemas centrais enfocados pelos ativistas do Greenpeace para alimentar o protesto em curso na Baía de São Marcos e cujas imagens já correram todo o planeta. Primeiro: as guserias são acusadas de alimentar seus fornos com carvão produzido por pequenas carvoarias com lenha retirada da mata nativa; se defendem afirmando, por intermédio do seu sindicato, assegurando que

usam carvão produzido com toras de eucalipto de florestas recicláveis. Segundo: de acordo com denúncias, as carvoarias que atendem as guserias, além de usar madeira nativa, estariam explorando mão de obra infantil, o que é crime; as empresas se defendem negando a acusação.

O fato é que, independentemente do protesto espetaculoso dos ativistas do Greenpeace - um deles está pendurado no correntão em cuja ponta está a âncora do Clipper Hope, que permanece fundeado a 30 quilômetros do Porto de Ponta da Madeira, onde, pela programação da Vale, deverá atracar sexta-feira (18). O Greenpeace não permanecerá por muito tempo impedindo o carregamento do navio, mas o seu protesto já foi suficiente para chamar a atenção pretendida e, assim, colocar as guserias na lista de vilões do meio ambiente.

O que o Maranhão, o Brasil e o mundo esperam é que as guserias, que são agentes importantes do desenvolvimento econômico do estado, mostrem que são empresas comprometidas com as regras trabalhistas e ecologicamente corretas. (Fonte: O Estado do Maranhão)

 

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