Incertezas do Maranhão

25-11-2011 10:20

Estudo realizado pela Multivisão para elaboração do Plano de Desenvolvimento Industrial do Maranhão (PDI), editado pela Federação das Indústrias em 2009, atesta sobre o Maranhão , no capítulo Visão Retrospectiva (de onde viemos e como estamos?), que o “estado é considerado um dos membros da federação brasileira de maior potencial econômico, pela abundância e diversidade dos seus recursos naturais...”Mais adiante, no capítulo Estratégia de desenvolvimento da indústria, ao apontar as potencialidades do estado, elenca, dentre outros, “abundância e qualidade das terras e lima favorável”.

Elaborado com o objetivo de convencer empresários do Brasil e outros países a trazerem investimentos para o Maranhão, porque aqui as condições para empreender são mais favoráveis, o PDI da Fiema com as colocações destacadas no parágrafo anterior ratifica teoria difundida anos a fio sobre as vantagens do Maranhão em relação a outros estados brasileiros: terras abundantes e férteis, rios perenes e clima, associados à posição geográfica estratégica e investimentos em infraestrutura.

A afirmação, no entanto, foi jogada por terra, segunda-feira passada, quando compareceu à Fiema o senador José Sarney para ser homenageado na festa dos 43 anos de reconquista da carta sindical da entidade, que foi fundada em 1956, teve carta sindical suspensa em 1965 e voltou a funcionar em 1968, portanto tem 55 anos. No pronunciamento, em vez de agradecer a distinção, Sarney fez ampla explanação sobre as razões do atraso econômico do Maranhão. Uma delas, segundo ele, a fraqueza do solo, ou seja, as terras do Maranhão não são adequadas para agricultura. Ainda na visão retrospectiva do PDI, lê-se no item Dinamismo Econômico e Atraso Social que “o avanço da fronteira agrícola e a modernização da economia maranhense provocaram forte expansão, tanto da economia como da população alimentada por forte movimento imigratório dos demais estados do Brasil, mas, sobretudo, do Nordeste...”Mais uma tese desmontada por Sarney em sua palestra, pois, para ele, outra causa do atraso maranhense foi a transformação do estado, pela Sudene, numa espécie de reserva para receber nordestinos flagelados pela seca. Crescimento populacional num território pouco favorável para agricultura fez a miséria se lastrar no Maranhão.

Os argumentos do senador não são novos, pois bate nesta tecla há anos, mas causou impacto pelo local e o ambiente em que foram pronunciados. Tais teorias podem agora ser melhor conhecidas e analisadas porque foram transportados pra o livro Esperanças e Certezas do Maranhão, distribuído na solenidade.

Adversidades climáticas, pobreza de solo, isolamentos e outros fatores compõem os cenários de muitos municípios, estados e países. Não devem servir, no entanto, de motivos para atrasar um povo, pois este tem é de saber superá-los. O Ceará, com eu clima perverso, sua terra árida e que mandou milhares de pobres para o Maranhão, é hoje uma das maiores potencias nordestinas, com invejável parque coureiro, mesmo tendo o menor rebanho de bovinos na região (o Maranhão tem o segundo maior plantel) e exporta frutas e flores, inclusive para a Europa. No Rio Grande do Sul, a área mais desenvolvida, a ocupada pelos italianos, é a das serras, onde plantar era mais difícil do que nos Pampas ocupados pelos portugueses, mas que ficou sendo a parte pobre. O Japão com suas ameaças de terremotos também se superou, e assim por diante.

Não importa onde estão as informações mais confiáveis, se no PDI da Fiema ou no livro de Sarney, mas certo é que o conflito das idéias só faz aumentar as incertezas sobre o Maranhão. (Fonte: O Imparcial)

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