Investigação em navio pode durar até 1 ano

07-01-2012 08:16

A Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA) deve levar de três meses a um ano para finalizar o processo que investiga as causas da rachadura no tanque de lastro do navio Vale Beijing, incidente ocorrido no início de dezembro do ano passado. A informação foi revelada ontem, durante entrevista coletiva que reuniu membros da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa, Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), Vale e da empresa STX Pan Ocean. O grupo vistoriou o navio que está fundeado na Baía de São Marcos, a 60 km da costa de São Luís, com uma carga de 260 mil toneladas de minério de ferro e mais de sete mil toneladas de óleo combustível (bunker).

Devido à duas rachaduras no tanque de lastro localizado próximo à popa (traseira) do navio, o Vale Beijing apresenta um desnível (derrabamento) em relação à proa (frente) de aproximadamente quatro metros e, se não for estabilizado, pode naufragar. Para evitar que isso aconteça, está sendo retirada cinco mil toneladas de combustível e a carga do porão 7 (próximo à popa) será remanejada para outros porões.

Inspeção - Por mais de duas horas o presidente da Comissão, deputado Léo Cunha (PSC), o primeiro-secretário da Assembleia, Hélio Soares (PP), e o líder do bloco União Democrática, Eduardo Braide (PMN), bem como o comandante da CPMA, o Capitão-de-Mar-e-Guerra (CMG) Nelson Ricardo Calmon Bahia, além do advogado da STX Luiz Roberto Levin Siano e equipe de técnicos da companhia inspecionaram a embarcação, verificando, entre outras coisas, estratégias para a prevenção de danos ao meio ambiente e a operação para que o navio seja reparado.

De acordo com informações da comissão de deputados, inicialmente existe um plano para que o Vale Beijing seja transportado até a Turquia, onde seriam feitos os devidos consertos de duas fissuras de 60 cm de comprimento por 10 cm de largura, localizadas nos lados direito e esquerdo do casco. No entanto, isto só pode ser precisado após os técnicos da Marinha, Vale, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) avaliarem a logística e os riscos da operação.

"Nossa intenção foi verificar tudo o que está sendo feito para que se evite um desastre ecológico. E o que pudemos observar é que todos os cuidados exigidos pelas autoridades competentes estão sendo tomados", afirmou o presidente Léo Cunha.

A mesma preocupação foi manifestada pelo deputado Eduardo Braide, que ressaltou o fato do navio ter sofrido avarias logo em sua viagem inaugural. "É preciso entender o que aconteceu para que novos casos não voltem a acontecer. Espero e acredito que a Marinha e todos os envolvidos esclareçam o que ocorreu", disse Braide, que advertiu ser preciso aguardar o tempo necessário para que as operações de retirada de combustível, remanejamento do minério entre os porões 7, 5 e 3 e transporte para a Turquia sejam feitas com segurança.

O advogado da STX, Levin Siano, ressaltou que o navio passará por reparos ainda na Baía de São Marcos, assim que o combustível for retirado e a carga remanejada nos porões, e que o conserto definitivo do casco do cargueiro será feito na Turquia, em princípio, pois lá há estaleiros adequados para esse tipo de serviço.

Em relação a prazos e causas, Hélio Soares preferiu não especular e aguardar os laudos periciais para que conclusões mais aprofundadas sejam feitas. "Fizemos o início de avaliações, acompanhados de técnicos para que possamos entender melhor e passar essas informações à população. A partir daí é que vamos produzir um relatório, que será encaminhado às autoridades competentes", disse.

Estabilização - Por enquanto, nos próximos cinco dias, será montada uma operação para redistribuir a carga de minério do porão 7 para os porões 3 e 5, para que sejam reduzidos os riscos de acidentes e tornem a embarcação mais estável. Paralelamente, também será retirada a carga de combustível que mantém o navio em operação. Somente então e dependendo das condições climáticas é que será executada uma logística de transporte da embarcação para um porto europeu.

Quanto à localização atual do navio, situado a 60 km da costa ludovicense, o CMG Calmon Bahia disse que foi sua a autorização que permitiu o transporte do Vale Beijing do Terminal Portuário Ponta da Madeira (TPPM) para alto-mar, um mês após apresentar rachaduras no casco. Segundo ele, o objetivo foi evitar que ocorresse um desastre ao meio ambiente local.

"Devido às características da costa maranhense e pelas marés de sizígia (lua cheia e lua nova, as de maior amplitude), por incrível que pareça, é mais seguro realizar estas operações onde hoje ele está fundeado do que no Porto, onde a embarcação poderia naufragar. Aí, sim, poderia ocorrer um desastre ecológico", explicou Calmon Bahia, que confirmou não ter ocorrido aumento no tamanho das fissuras durante a operação.

Segundo ele, a estimativa é de que cinco dias sejam necessários para realizar as operações elaboradas pela equipe do navio, mas este prazo pode aumentar devido às condições climáticas. Neste período não está descartada a realização de reparos iniciais no casco do próprio navio, através de mergulhadores especializados.

Calmon Bahia disse ainda que está em andamento um inquérito feito pela Marinha Brasileira, para que sejam apuradas as devidas responsabilidades. Este prazo será de três meses, prorrogáveis por outros três. O prazo-limite para que o inquérito seja finalizado é de um ano.

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O navio Vale Beijing é da classe Valemax, com capacidade para transportar 390 mil toneladas de minério. Os cargueiros dessa classe são os maiores do mundo, atualmente. Foram encomendados a estaleiros asiáticos 35 navios e, até o momento, cinco iniciaram as operações, sendo o primeiro o Vale Brasil, que realizou o primeiro carregamento no primeiro semestre do ano passado, no Terminal Portuário Ponta da Madeira (TPPM), em São Luís (MA). Em seguida vieram os navios: Vale Rio de Janeiro e Vale Itália, seguido do Vale China e do Vale Beijing. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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