Investigado na 'Boi Barrica' é denunciado por supostos desvios

13-04-2011 10:25

 

FERROVIA NORTE-SUL:

 

Ulisses Assad, ex-diretor de engenharia da Valec (estatal que toca as obras da ferrovia Norte-Sul) foi acionado pela Procuradoria da República de Goiás por improbidade administrativa

 

Apadrinhado do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) e apontado pela Polícia Federal (“Operação Boi Barrica”, rebatizada “Faktor”) como um dos “cabeças” do “esquema Fernando Sarney” na área de Transportes, o engenheiro Ulisses Assad –ex-diretor de engenharia da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S/A – foi acionado pela Procuradoria da República de Goiás por improbidade administrativa. A Valec toca a construção da Ferrovia Norte-Sul, uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A ação da Procuradoria foi resultado de investigações da Polícia Federal (PF), da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontaram licitações viciadas e superfaturamento na construção de um trecho 105 km da Norte-Sul (entre Santa Isabel e Uruaçu, em Goiás). Segundo a Procuradoria, podem ter sido desviados até R$ 92 milhões, em valores atuais.

O presidente da Valec, José Francisco das Neves, conhecido como “Juquinha”, e o superintendente de projetos Jorge Antônio Almeida, também foram denunciados. Para o procurador Hélio Telho Corrêa Filho, a Valec fez um edital viciado, em que foram beneficiadas as empresas Constran, Lupama e EIT – as duas últimas igualmente envolvidas no “esquema Fernando Sarney”, segundo a PF.

Ligado ao clã Sarney desde o primeiro governo Roseana Sarney Murad (1995-1998), quando dirigiu a Caema, Ulisses Assad foi demitido da Valec em abril de 2010.

Contrato irregular – De acordo com os órgãos investigadores, após vencer a licitação, em setembro de 2006, a Constran Construções e Comércio S/A se associou de forma irregular à EIT (Empresa Industrial Técnica S/A, de Romildo Teles Pinto da Frota), especializada em radares, e à Lupama Comércio e Construções Ltda., dos sócios Gianfranco Antonio Vitório Artur Perasso e Flávio Barbosa Lima – ambos investigados na “Operação Boi Barrica”.

No entender da Procuradoria da República de Goiás, essa união formou um “consórcio clandestino” que beneficiou as empresas com repasses de custos, direitos e resultados.

Numa conversa gravada pela Polícia Federal em 21 de maio de 2008 (página 101 do inquérito da “Boi Barrica”), Gianfranco Perasso descreve o funcionamento do esquema. Pede ajuda ao interlocutor (identificado como Jeferson) para encontrar um sócio para um novo contrato na Valec. “Não tenho condições materiais para entrar (no negócio). Você me falou que tinha o pessoal lá de Minas, que pode tocar o negócio, e a gente entra (de) sócio dele, quer dizer, a gente aparece (como) sócio, só que ele se encarrega de fazer a coisa acontecer. Obviamente, tem os deságios de subempreita, né?”, diz Gianfranco. Em seguida, a explicação sobre o que seriam os tais deságios de subempreita: “Eu tenho o negócio, e aí... faríamos um ‘rachid’ no processo, entendeu?”.

Lupama e EIT – Sediada, segundo a PF descobriu em 2008, numa casa simples do bairro Santa Rita, em Imperatriz (rua Projetada A, quadra 1, casa 12), a Lupama não teria porte para construir “sequer uma ponte”, segundo os órgãos investigadores. Mesmo assim, foi beneficiada com uma parcela de R$ 46,2 milhões numa subempreitada para construir o trecho de 105 km da ferrovia Norte-Sul em que teriam ocorrido os desvios de recursos públicos apontados agora pela Procuradoria da República de Goiás.

A EIT é um nome que, no Maranhão, se confunde com um dos maiores escândalos do governo Roseana Sarney entre 1995 e 2002: o da “estrada fantasma” Paulo Ramos-Arame. Roseana pagou à EIT, entre 1995 e 1996, R$ 33 milhões pela estrada de 128 quilômetros de extensão, que nunca foi efetivamente construída. O que existe no local até hoje é apenas uma intrafegável picada de terra batida. (Fonte: Jornal Pequeno, Ed. 23.650, Geral – pág. 05)

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