Lavradores querem a posse de terreno na Vila Maranhão

05-01-2011 17:04

POR JULLY CAMILO

Aproximadamente 50 famílias (perto de 150 pessoas) do Povoado Ilhinha, na Vila Maranhão - que tiveram suas casas derrubadas e plantações destruídas no final do ano passado, por conta de uma ação de despejo - lutam na Justiça para reaver a posse da terra. As famílias entendem que, depois de mais de 15 anos ocupando a área, têm o direito de permanecer no local. Já a empresa Ribeirão S.A., de Balsas, que teria comprado o terreno do Estado, quer os moradores fora da área, na qual pretende instalar um empreendimento para produzir adubos e sementes.

Segundo o lavrador Raimundo Pereira Viégas, de 55 anos, residente na área há 15 anos, a ação de despejo foi executada na tarde do dia 17 de dezembro de 2010 por policiais, um advogado da Ribeirão S.A. e um oficial de Justiça. Um trator fez a derrubada.

Ele relatou que os moradores não tiveram tempo de retirar seus pertences do interior dos imóveis, e por isso perderam tudo. "Perdi móveis, aparelhos eletrônicos, roupas, calçados, utensílios de cozinha e comida. Nossas plantações foram derrubadas. Meu terreno era um dos maiores, media 280 metros de frente por 380 de fundo, e eles derrubaram tudo. Perdi os bananais, as roças de macaxeira, caju, acerola, cajá, entre outros cultivos", disse ele.

O lavrador afirmou que os representantes da empresa disseram que compraram a área há quase três anos do governo do estado, e que em breve estariam montando novas instalações da Ribeirão S/A no local.

Raimundo Viégas ressaltou que os moradores tiveram que se mudar para casa de parentes na Vila Maranhão, enquanto lutam pelo direito de posse da terra ou por uma indenização por parte da empresa.

"Estamos com dois advogados lutando pela nossa causa e já conseguimos provisoriamente a posse, enquanto o mérito da ação não é julgado", declarou Raimundo.

A faxineira Ana Lídia Pinheiro Machado, de 44 anos, permanece no terreno, onde ergueu um barraco precário, com teto de plástico, no lugar em que sua casa foi derrubada. Ela, que também ocupa a área há 15 anos, lamentou o despejo. "Ninguém estava em casa no dia da derrubada. Quando meu marido chegou, nossa cerca com o portão, nossas roças, a casa de forno e nossa casa estavam no chão. Ficamos somente com a roupa do corpo. Até a cesta básica que ele ganhou no serviço para realizarmos nossa ceia de Natal ficou debaixo dos entulhos. Foi o pior fim de ano da minha vida, porque se esses empresários compraram essas terras há dois ou três anos, nós moramos nelas há 15 anos e isso ninguém pode mudar", afirmou Ana Lídia.

 (JORNAL PEQUENO; GERAL; VILA MARANHÃO)

 

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