Logística nacional se volta para os portos do Norte e do Nordeste

03-05-2011 09:19

 

SÃO PAULO - De acordo com a coordenadoria do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), a produção dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia, Mato Grosso e Goiás ganharão acesso a portos mais próximos das lavouras e dos compradores internacionais. Em tese, as novas rotas também reduzirão a saturação de portos como Santos (SP) e Paranaguá (PR), segundo a coordenadora do grupo, Priscilla Nunes. "A solução para os portos do Sul e Sudeste está nos portos do Norte e Nordeste", disse o diretor de grãos e processamento de soja da Cargill, Paulo Sousa.

"A recuperação da BR-163 até Santarém (PA) e a construção da Ferrovia Norte-Sul são os projetos logísticos de curto prazo com impacto para o agronegócio", declarou Priscilla Nunes, segundo o jornal Brasil Econômico.

O ganho logístico de se escoar a produção agrícola por meio da BR-163 e da Norte-Sul, no entanto, ameaça ficar só na teoria. Os portos nos quais elas desembocam, Santarém (PA) e Itaqui (MA), atualmente não têm capacidade para movimentar os volumes de grãos que já disponíveis. "Itaqui é um gargalo para a Norte-Sul, e não terá condições de nos atender quando a ferrovia chegar ao Centro-Oeste", disse Mauro Ramos, superintendente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, responsável pelas obras. A Valec garante que em cinco anos poderá escoar 50% dos grãos do país, o que equivale a cerca de 25 milhões de toneladas. Mas, no Porto do Itaqui, a capacidade atual é de 2,8 milhões de toneladas por ano.

Soluções - Uma parte do problema está mais perto de ser resolvida. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) aprovou, na semana passada, a licitação para a concessão do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), em Itaqui. O projeto prevê quatro armazéns, concedidos a grupos diferentes, somando 500 mil toneladas de capacidade. Na primeira fase, que deve entrar em operação em 2013, a capacidade de embarque será de 5 milhões de toneladas.

"A licitação deve ser aberta em junho e as obras devem começar em setembro", afirmou o diretor da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), Daniel Vinent.

Até 2024, a capacidade do Tegram será de 10 milhões de toneladas, um investimento de R$ 339 milhões pago pela iniciativa privada. Além do Tegram, a mineradora Vale investirá R$ 135 milhões em seu terminal de grãos em Ponta da Madeira, na área do Itaqui.

Esse terminal da Vale é o único pelo qual o porto exporta grãos hoje, na casa de 2 milhões de toneladas por ano. Com isso, a capacidade passará para 4,3 milhões por ano.

No caso da BR-163, que levará a safra do norte do Mato Grosso até Santarém (PA), a iniciativa privada se prepara para responder com estrutura portuária à recuperação da estrada. "Creio que a rodovia estará toda trafegável no segundo semestre de 2012", declarou Paulo Sousa.

A empresa é a única a ter um terminal de grãos no porto de Santarém, com capacidade para um milhão de toneladas por ano. "Podemos saltar para três milhões de toneladas, quando conseguirmos o licenciamento ambiental", diz Sousa.

Outras empresas, como Amaggi e Bunge, também têm soluções logísticas em vista para operar quando a rodovia BR-163 estiver recuperada.

Números

67 Dólares por tonelada é o custo estimado do escoamento da produção agrícola do Mato Grosso até os portos do Sul e do Sudeste

30 Dólares por tonelada é o custo estimado do escoamento da produção agrícola do Mato Grosso até os portos do Norte e do Nordeste

10 Milhões de toneladas por ano é a capacidade estimada de movimentação de carga do Terminal de Grãos do Maranhão, no Itaqui. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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