Lucro líquido da Vale cai 23% no terceiro trimestre

27-10-2011 09:59

Principais motivos teriam sido a menor produção de aço e a crescente oferta de minério de ferro na China, que está forçando os preços para baixo

A mineradora Vale informou ontem que obteve lucro líquido de R$ 7,893 bilhões no terceiro trimestre do ano, 23,2% abaixo dos R$ 10,275 bilhões registrados no segundo trimestre. O resultado é ainda 25,2% inferior ao registrado em igual período de 2010, quando ficou em R$ 10,554 bilhões.

Já no acumulado de janeiro a setembro, a Vale obteve lucro líquido de R$ 29,459 bilhões, 46,8% acima dos R$ 20,068 bilhões verificados em igual período em 2010.

Segundo a companhia, "a depreciação do real frente ao dólar americano foi a principal razão para a queda do lucro líquido" no período.

Diante da menor produção de aço e da crescente oferta de minério de ferro na China, os preços da matéria-prima no mercado à vista caíram cerca de 30% nas últimas seis semanas, o que também deve ter refletido nos resultados da Vale. (Ver matéria correlata.)

O custo de produtos vendidos (CPV) aumentou R$ 1,046 bilhão em relação ao último trimestre, chegando a R$ 10,443 bilhões. "Ao mesmo tempo em que não há dúvida que aumentos de custos se constituem em eventos negativos, o aumento foi relativamente pequeno diante de significativas pressões cíclicas de custos, o que reflete nosso compromisso com a maximização de eficiência", diz em comunicado.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) registrou valor recorde de R$ 16,1 bilhões, 1,2% acima dos R$ 15,9 bilhões no último recorde no terceiro trimestre de 2010 e 8,8% a mais do que o verificado entre abril e julho (R$ 14,8 bilhões).

A receita operacional totalizou R$ 28,629 bilhões, sendo a maior da história da Vale, um aumento de 11,8% em relação aos R$ 25,614 bilhões do segundo trimestre e 8,5% superior ao mesmo período de 2010.

"O aumento da receita reflete, principalmente, maiores volumes vendidos, que produziram efeito positivo de R$ 2,396 bilhões, essencialmente devido às crescentes vendas de bulk materials (minério de ferro, ferro ligas, carvão metalúrgico, entre outros) e metais base, que adicionaram R$ 1,346 bilhão e R$ 788 milhões, respectivamente", diz a nota.

Os investimentos atingiram US$ 4,5 bilhões, sendo US$ 3,5 bilhões gastos com desenvolvimento de projetos e pesquisa e desenvolvimento.

A companhia informou também que a remuneração aos acionistas em 2011 alcançará US$ 9 bilhões, "uma cifra recorde, igual a três vezes o que foi pago no ano passado, o que implica em elevado dividend yield, recompensando, assim, os investidores que tem sofrido os efeitos de um fraco desempenho dos mercados de ações".

"Apesar do pessimismo sobre a macroeconomia nos mercados financeiros, permanecemos confiantes nos fundamentos de longo prazo dos mercados globais de minerais e metais e em nossa capacidade de continuar a gerar valor através dos ciclos de negócios", acrescenta.

Preço do minério afetará balança

São Paulo - A menor produção de aço e a crescente oferta de minério de ferro na China provocaram a queda de 30% nos preços da matéria-prima no mercado à vista nas últimas seis semanas, o que pode refletir não só nos resultados da Vale, como da balança comercial brasileira.

As cotações servem de referência para os contratos trimestrais da Vale com seus clientes. Mas, pela fórmula de correção, a queda atual só terá reflexo nos preços do primeiro trimestre de 2012.

Os preços do minério recuaram ontem no mercado à vista para o menor nível desde julho de 2010 -US$ 128,50 por tonelada -, no momento em que a produção de aço na China caiu 3% de agosto para setembro.

Adicionalmente, concorrentes dizem que a Vale inundou o mercado chinês de minério de ferro, desviando cargas da Europa - cuja demanda caiu por conta da crise - para a China e passou a vendê-las com preços menores.

"A queda dos preços se relaciona com o minério que estava destinado à Europa e foi para a China", disse SamWalsh, executivo-chefe da divisão de minério de ferro da anglo-australiana Rio Tinto.

Procurada, a Vale disse que não iria comentar a declaração. Mas a mineradora reconhece que tem negociado com alguns clientes chineses a flexibilização dos contratos trimestrais.

Há um ano e meio, a Vale e outras mineradoras adotaram esse sistema, por pressão da China. Naquele momento, os preços do mercado à vista eram mais baixos do que os dos contratos anuais (padrão até então) por conta da crise global, mas reagiram rapidamente com a retomada econômica.

Graças à reação principalmente da China, o preço médio do minério da Vale subiu 163% entre o final de 2009 e o fim do segundo trimestre deste ano. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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