Mais leite, mais preço

05-10-2011 14:24

Mesmo com alta de 6,9% na produção, o preço do produto está mais caro, por causa do aumento da demanda para fabricação de iogurte e queijo.

Os preços do leite e dos derivados subiram, respectivamente, 18% e 20% este ano. Segundo informações do presidente do Sindicato das Indústrias de Leite e Derivados do Estado do Maranhão (Sindileite/MA), Alexandre Rodrigues Ataíde, esse aumento registrado tem vários agravantes.

Entre eles, uma mudança de cultura dos proprietários de terras, que estão trocando a pecuária pela cana de açúcar. A migração de cultura pode resultar em vários impactos no mercado interno, com menos leite para a produção dos derivados, os laticínios, como queijo, manteiga, iogurte. 

Com menos produção, os consumidores se deparam com preços mais elevados, e o estado arrecada menos com os impostos e há evasão de divisas, já que terá que importar de outros estados.

“Estamos no período de entressafra. Mas temos também outras coisas que influenciam para a subida dos preços. Hoje, os produtores estão deixando de criar gado para investir na cana de açúcar, por ser uma cultura mais simples e mais rentável. Além disso, temos aí a alta do dólar, que incentiva para a exportação do leite. Há também as questões macroeconômicas. A demanda está aquecida e a oferta está pequena”, disse Alexandre Rodrigues.

A entressafra começou no fim do mês de junho, com o fim das chuvas. Sem as chuvas a nutrição do gado fica comprometida, pois os pastos ficam secos. Essa situação deve se estabelecer, pelo menos, até o mês de dezembro.

No meio da cadeia do leite estão os distribuidores, os supermercados, que acabam se rendendo às oscilações de preços de fornecedores e, consequentemente, acabam repassando as perdas para os consumidores finais. De acordo com a Associação Maranhense de Supermercados (Amasp), a situação é preocupante.

“Os supermercados são a maior rede de distribuição de produtos alimentícios. Quando acontece um aumento desses, é claro que causa impacto no faturamento dessas empresas. O leite é um produto de primeira necessidade. De qualquer forma, ficamos nas mãos dos fornecedores. E isso acaba impactando também no preço dos produtos, o iogurte, o queijo, enfim, os derivados do leite”, disse João Magalhães, presidente da Amasp.

Produção

Mesmo com um panorama que se agrava com avanço no período de estiagem, a produção de leite vem aumentando no estado. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um aumento de 6,9% na produção do 2º semestre de 2010 para o 1º semestre de 2011.

Foram 29,89 milhões de litros em 2011 – de janeiro a junho -, contra 27,94 milhões em 2010 – de julho a dezembro -. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca do Maranhão (Sagrima), a bacia leiteira do estado está em franca expansão e as perspectivas de crescimento são as melhores, por conta da expectativa de elevação da classificação sanitária para zona livre de febre aftosa. Há também uma expectativa de grandes investimentos no setor pecuário que deverão movimentar o mercado de corte e leiteiro.

“Já percebemos uma grande demanda por leite, que não está sendo plenamente suprida pelos produtores locais. É um mercado que possui grande potencial, e está pronto para crescer rapidamente. Mercado comprador já existe. Falta os produtores investirem em seus rebanhos, inserindo novas tecnologias de aumento de produtividade”, disse o secretário Cláudio Azevedo.

Segundo ele, outro fator que compete com o aumento da produção leiteira voltada para a indústria é o grande número de pequenos produtores que investem em produções caseiras para vendas em mercados e feiras. A Sagrima doou este ano cinco tanques de resfriamento a associações, cooperativas e sindicatos de produtores. Com capacidade para armazenar 3.000 litros eles estão em Tuntum, Imperatriz e Santa Inês. Cerca de 1.250 produtores são beneficiados com os tanques de resfriamento.

“Não nos causa estranheza o aumento na produção leiteira registrada pelo IBGE. Os números refletem os investimentos que vêm sendo realizados, seja pelas entidades governamentais, pela iniciativa privada, ou pelos próprios produtores. Acreditamos que a tendência do setor é continuar crescendo nos próximos períodos”, disse Azevedo. (Fonte: O Imparcial)

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