Norte-Sul quase pronta
A Editoria de Economia informa que a Valec anunciou para o segundo semestre deste ano a conclusão da Ferrovia Norte-Sul. O projeto original era a ligação de Açailândia, no Maranhão, a Anápolis, em Goiás, em um total de 1.574 quilômetros. E por causa da sua crescente importância, a Norte-Sul ganhou mais 618 quilômetros, ligando Ouro Verde, em Goiás, a Estrela D’Oeste, em São Paulo, e, finalmente, uma extensão até Belém, no Pará, em um total de 3.100 quilômetros. A implantação da malha ferroviária demorou 24 anos e consumiu R$ 5,7 bilhões, segundo levantamento feito pela Valec, estatal criada para implantá-la e administrá-la.
Vista inicialmente como um “devaneio” do então presidente da República José Sarney, seu idealizador e iniciador, a Ferrovia Norte-Sul foi duramente atacada nos seus primórdios. Contra ela se juntaram vozes de oposição ao Governo Sarney nas Casas do Congresso Nacional, grupos empresariais ligados ao setor de transporte de carga, incluindo os fabricantes de pneus, os distribuidores de combustíveis, os empreiteiros do asfalto, enfim, todos os segmentos que se viram ameaçados pela revolução que a artéria férrea promoveria.
O presidente José Sarney, porém, suportou todas as investidas contra o projeto e todos os ataques contra ele por mantê-lo. Tinha plena consciência do potencial econômico das regiões Norte e Centro-Oeste, que já em meados dos anos 80 davam sinais de que seriam importantes fronteiras agrícolas e precisariam de um sistema de transporte para escoar a produção e fazer a interligação das regiões. Sarney sabia que cedo ou tarde o Brasil reconheceria a Norte-Sul como um importante instrumento de integração nacional e um fator decisivo para o desenvolvimento econômico do país a partir das duas regiões e sua integração com Pará, de um lado, e Mato Grosso e São Paulo, de outro.
O reconhecimento viria com o presidente Fernando Henrique Cardoso, que, logo após assumir, declarou que o projeto de implantação da Norte-Sul seria uma prioridade no seu governo, o que de fato aconteceu. Depois, o presidente Lula, também crítico ácido do empreendimento, o incluiu entre as prioridades da sua gestão. Os dois presidentes fizeram questão de inaugurar trechos da ferrovia e em várias ocasiões convidaram o ex-presidente José Sarney para com ele se congratular pela iniciativa.
Agora, o projeto encontra-se na sua etapa final, para se consagrar definitivamente como um dos mais importantes corredores de escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste e do Sul do Maranhão por estar ligado a portos de São Paulo e ao Complexo Portuário do Itaqui, por onde já sai soja produzida nas regiões de sua abrangência. Uma realidade de importância imensurável para o país.
(Fonte: O Estado do Maranhão, Ed. 17.760, Opinião – pág. 04)