Oficializada a indicação de Graça Foster para a presidência da Petrobras

24-01-2012 09:10

Atual diretora de Gás e Energia da estatal substituirá Sérgio Gabrielli, que assumirá secretaria no governo da Bahia.

Brasília - A Petrobras oficializou ontem que o presidente do Conselho de Administração da empresa, ministro Guido Mantega, vai indicar a atual diretora de Gás e Energia da estatal, Maria das Graças Silva Foster, - mais conhecida no governo como Graça Foster - para o cargo de presidente da companhia. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a saída de José Sérgio Gabrielli da presidência da Petrobras não significa desprestígio ao executivo, mas sim uma saída de comum acordo para a condução do seu projeto político.

"Não há nenhum desapreço pelo Gabrielli. Muito pelo contrário, temos muito apreço pelo que ele representa", afirmou o ministro. Gabrielli deverá assumir uma secretaria no governo de Jacques Wagner (Bahia) para iniciar seu projeto de candidatar-se pelo PT ao governo do estado, em 2014. Gabrielli foi o presidente mais longevo da estatal, com oito anos no comando.

De acordo com o ministro, não haverá grandes mudanças na nova gestão, no máximo "pequenos ajustes". Lobão não confirmou a saída de mais diretores e disse que outras mudanças serão decididas a partir da posse de Foster. "Graça Foster vai sugerir soluções a partir da posse dela. Mas por enquanto não temos ainda o xadrez definido", afirmou.

Alinhamento - Edison Lobão descartou que a troca de Gabrielli por Foster seja uma jogada para intensificar o alinhamento da Petrobras com o governo.

Segundo ele, não haverá grandes mudanças, uma vez que Foster participou de todas as grandes decisões da empresa. "A Petrobras não está tomando uma postura mais de governo. A política da Petrobras sempre foi definida pelo Conselho de Administração", disse.

O conselho é presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, composto ainda pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.

Oficialização - A Petrobras divulgou nota oficial por volta de 12h de ontem sobre a mudança de comando, após a substituição do atual presidente José Sergio Gabrielli ter sido noticiada pela imprensa. Às 14h15m, as ações da empresa reagiram com alta de 1,53% ao anúncio, enquanto o índice Bovespa subiu 0,33%.

"A companhia informa que o Conselho de Administração é o órgão responsável pela eleição de seu presidente. O presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Sr. Guido Mantega, já manifestou que vai encaminhar como proposta a ser apreciada na próxima reunião do mesmo, a se realizar dia 9 de fevereiro próximo, a indicação da atual diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Silva Foster, para presidir a Petrobras. Uma vez o assunto em questão seja aprovado pelo Conselho, a companhia dará ampla divulgação do fato", informou a nota divulgada pela Petrobras.

Perfil técnico de Foster agrada Dilma

A substituição de Sérgio Gabrielli por Maria das Graças Silva Foster já era esperada, porque a diretora tem perfil técnico, bem ao gosto da presidente Dilma Rousseff, de quem é amiga. Engenheira química com pós-graduação em Engenharia Nuclear pela UFRJ, ela é considerada competente, leal a seus superiores, exigente e às vezes pouco afável nas negociações - o que faz com que muitos a vejam como uma pessoa dura.

Funcionária de carreira, comandou seu programa de biodiesel da estatal. Gabrielli, que está há quase sete anos à frente da companhia petrolífera, deve assumir um cargo no governo Jaques Wagner e, depois, disputar as eleições em 2014 para o governo da Bahia ou para o Senado. A saída do executivo era alvo de especulações desde o ano passado, por suas aspirações políticas.

Pioneirismos - A história de Graça reflete diversos pioneirismos. Ela entrou na estatal como estagiária em 1978 e chegou a ser uma das primeiras mulheres a trabalhar "embarcada" nas plataformas de petróleo em alto-mar. Ela ocupou diversos postos de prestígio na companhia e no setor energético.

Esteve à frente, por exemplo, da BR Distribuidora e da Petroquisa. Além disso, já esteve na administração federal: foi titular da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia quando Dilma era a titular da pasta. Ali, coordenou o Prominp, programa de qualificação da indústria do petróleo, e o programa de biodiesel do governo.

Mas foi no retorno à Petrobras - ela voltou para substituir Ildo Sauer na diretoria de Gás - onde se fez mais conhecida e mostrou alguns traços de sua personalidade. Além de estar totalmente envolvida com o desenvolvimento do pré-sal, foi muito combativa na chamada "crise do gás", quando Brasil e Bolívia divergiram sobre a quantidade e o preço de combustível do país andino que viria para o Brasil.

Apreensão - Já Gabrielli entrou na Petrobras em 2003, como diretor Financeiro e de Relações com Investidores, por indicação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, sua nomeação causou apreensão no mercado, que considerava seu perfil acadêmico demais para a função.

Mas Gabrielli conseguiu quebrar a desconfiança dos investidores e assumiu a presidência da Petrobras em julho de 2005, mesmo ano em que ganhou do jornal New York Times, o título de "Melhor Executivo de Finanças da América Latina" e o troféu "Equilibrista", do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças. Ele é formado em Economia pela Universidade Federal da Bahia e fez doutorado na Universidade de Boston. (Fonte: O Estado do Maranhão)

 

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