Petrobras cortará US$ 35 bi em investimentos para compensar perda de receita

19-05-2011 10:02

 

Conselho de Administração da Petrobras exigiu que a empresa revise seu Plano de Negócios para o período 2011-2015 e corte cerca de US$ 35 bilhões em investimentos, segundo fontes da estatal. O pedido foi feito na sexta-feira passada em reunião do Conselho em São Paulo e foi acompanhado de orientações expressas por parte do governo federal para que a companhia não aumente os preços da gasolina e do diesel. O objetivo é conter a escalada da inflação. As vendas desses dois combustíveis representam cerca de 60% da receita da Petrobras. Sem poder reajustá-los, a empresa terá menos recursos disponíveis para realizar seus investimentos. Daí a necessidade do corte. Na avaliação de analistas, o pedido do Conselho, no qual o governo tem cadeira, também teria o objetivo de contribuir para o ajuste fiscal, informa a reportagem de Ramona Ordoñez, Danielle Nogueira e Lucianne Carneiro.

Na reunião de sexta-feira, a Petrobras apresentou sua proposta para o novo Plano de Negócios, da ordem de US$ 260 bilhões, e esperava que ela fosse aprovada na ocasião. O montante proposto representaria um aumento de 16% em relação ao plano de investimentos anunciado no ano passado e válido para o período 2010-2014 (US$ 224 bilhões). Com o corte, de 13,5% do total, o novo plano praticamente manteria os valores atuais.

Em teleconferência com analistas ontem, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, admitiu a possibilidade de cortes:

- O Conselho nos deu várias demandas para examinar, e uma delas diz respeito à redução de investimentos. Mas são análises apenas a serem apresentadas - explicou Barbassa. - Isso só vai ser divulgado ao fim do processo de estudos. O Conselho pediu que fizéssemos avaliações, estudos de sensibilidade diversos sobre o plano que estamos formatando para o período de 2011 a 2015.

Área de refino deve ser a mais atingida

Com base na determinação do governo federal, cada diretoria está avaliando as possibilidades de corte. Os analistas de mercado que acompanham a Petrobras são unânimes em afirmar que a área de refino será a mais atingida. Em primeiro lugar porque ela tem margens de lucro mais apertadas que a área de Exploração e Produção (E&P;), atividade mais rentável e que tradicionalmente recebe mais investimentos. No Plano de Negócios (2010-2014), os recursos destinados ao Refino somam R$ 73,6 bilhões ou 33% do total. Para o E&P; estão previstos R$ 118,8 bilhões (53% do total).

Em segundo lugar, dizem os especialistas, há grandes projetos de refino ainda em fases iniciais, que seriam mais facilmente postergados. Casos das refinarias Premium I e Premium II, que serão erguidas no Maranhão e no Ceará. No Plano de Negócios atual elas entrariam em operação em 2014 e 2017, respectivamente. A Refinaria Abreu Lima (PE), que seria construída em parceria com a venezuelana PDVSA, também poderia sofrer algum corte, apesar de a previsão de inauguração (2013) estar mais próxima que as demais.

- O pré-sal é uma prioridade e vai exigir grandes investimentos. Não acredito que um eventual corte atinja projetos relacionados a ele. Biocombustíveis e investimentos na melhora de qualidade do diesel também devem ser mantidos. Os projetos de grandes refinarias seriam os mais prováveis a receber os cortes - avalia Nelson Rodrigues de Matos, analista do Banco do Brasil.

Na avaliação de Osmar Camillo, da corretora Socopa, o pedido do Conselho de Administração da Petrobras também entra nos esforços que as estatais terão de fazer para que o governo federal cumpra seu ajuste fiscal.

- O governo vai buscar inúmeras justificativas, mas é uma decisão política que visa a contribuir para o ajuste fiscal - diz. (Fonte: O Imparcial)

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