PIB Maranhense encolhe

18-11-2011 10:58

Segundo IBGE, a economia brasileira retraiu 0,32% e economistas apontam que o MA foi um dos cinco estados que mais sofreram com a crise de 2008.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou ontem o resultado nominal do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano de 2009. Neste balanço, o resultado alcançado pelo país foi de R$ 3,23 bilhões, o que representa uma variação de -0,32% em relação ao ano anterior. Segundo especialistas, com o PIB do Maranhão não será diferente. Projeta-se que a redução seja da ordem de 0,9% já que o estado foi um dos cinco mais afetados naquele ano pela crise econômica mundial, motivada pela bolha imobiliária norte-americana.

O economista, professor da Universidade Federal do Maranhão e vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Core), Felipe de Holanda, afirmou que a queda do PIB da região no período já é esperada, uma vez que a economia do estado esteve vulnerável em 2009, por conta da recessão que o mundo viveu neste período.

“Não nos surpreende se o Produto Interno Bruto Maranhense tiver percentual negativo, porque o estado em 2009, em decorrência da quebra da economia iniciada em 2008, teve as exportações reduzidas, a concessão de crédito para plantio de grãos conservadora, falta de financiamento de consumo, bem como diminuição das contas públicas, ou seja, baixa arrecadação de impostos e redução do repasse do fundo de participação dos municípios”, explicou Felipe.

Na verdade, de acordo com o vice-presidente do Core, o baixo crescimento do Maranhão decorre do cenário econômico não muito bom, em que se encontrava o Brasil.

“O que mais sofreu com a crise, principal motivo do decréscimo do PIB, foram os segmentos exportadores, particularmente, commodities agrícolas e minerais, além dos segmentos de bens duráveis e de consumo, bem como os dependentes de capital advindo da contratação de crédito, que foi afunilada no período. O Maranhão, assim como outros quatro estados, foi o mais atingido por conta de que a base econômica dele gira em torno, justamente, do que foi comprometido com o crash. Talvez, nós teremos o pior PIB da região Nordeste”, avalia o professor da UFMA.

O resultado do balanço do PIB de 2009 do Maranhão será divulgado no próximo dia 23, conforme o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos do Estado do Maranhão (Imesc), que é responsável por realizar os estudos dos dados do IBGE referentes a economia do estado. Já os valores por municípios, a expectativa é que até 15 de dezembro estejam disponíveis.

Setores

Após crescer 4,7%, em média, durante o período de 2004 a 2007 e se expandir em 5,2% em 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve, em 2009, variação de -0,3% em relação ao ano anterior. Em valores correntes, o resultado alcançado foi de R$ 3,23 bilhões, e o deflator (variação média dos preços em relação à média dos preços do período anterior) do PIB ficou em 7,2%.

Em 2009, o PIB per capita atingiu R$ 16.917,66, o que representa uma queda em volume de 1,3% em relação ao observado em 2008.

Em 2009, os serviços cresceram 2,1%, com destaque para as atividades “intermediação financeira” (7,8%) e “serviços prestados às famílias e associativas” (4,3%), essa última devido à manutenção das despesas de consumo final pelas famílias.

Destaca-se, também, o crescimento do valor adicionado bruto gerado por “administração, saúde e educação públicas”, de 3,0%. O comércio teve variação negativa de 1,0%, em contraste com os 6,1% de crescimento registrados em 2008. Esta redução contribuiu para a variação negativa da sua participação no valor adicionado dos serviços, que saiu de 18,9% em 2008 para 18,5% em 2009.

A indústria apresentou uma queda em volume de 5,6%, perdendo 1,1 ponto percentual de participação no valor adicionado total da economia. O valor adicionado bruto da “construção civil”, que havia crescido 7,9% em 2008, caiu 0,7% em 2009.

A agropecuária registrou queda em volume, de 3,1%, resultante da redução de 5,0% no valor adicionado bruto da “agricultura, silvicultura e exploração florestal” e do crescimento de apenas 1,0% no grupo “pecuária e pesca”.

É a primeira queda observada ao longo da nova série ajustada, iniciada em 1995. Esse desempenho pode ser explicado, em parte, pela queda de produção e produtividade de alguns produtos da lavoura – decorrente das condições climáticas no ano de 2009 – e pelas incertezas no cenário internacional.

Consumo final

Em 2009, o componente da demanda com maior crescimento foi o consumo final (4,1%), passando de 79,1% do PIB em 2008 para 82,3% em 2009. O principal responsável por esse aumento foi o “consumo das famílias”, que cresceu 4,4%, coerente com o aumento de 3,3% na massa salarial real, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, e com o aumento de 19,7%, em termos nominais, nas operações de crédito do sistema financeiro para pessoa física, segundo dados do Banco Central do Brasil.

Já a carga tributária bruta sofre primeira redução desde 2003. Pela primeira vez na série 2000 houve redução em valores nominais da arrecadação de “Impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e importação”. A queda foi influenciada pela diminuição na atividade econômica, pelas desonerações fiscais, pelo aumento dos subsídios e pela redução nas importações. A carga tributária bruta passou de 34,9% do PIB, em 2008, para 33,7% do PIB, em 2009.

Importância

Felipe de Holanda explica que o fato da análise da situação do PIB nacional de 2009 somente sair depois de passado dois anos, ocorre porque esta análise se baseia em outras pesquisar realizadas pelo IBGE, que normalmente, não são realziadas no ano em curso, por isso atrasam os resultados.

“Para se ter o balanço do Produto Interno Bruto do país é necessário de analisar pesquisas estruturais anuais sobre a indústria, serviço e comércio, entre outros setores, bem como as Pesquisas Nacionais de Amostra de Domicílio (PNADs) e informações suplementares afins. Isso demanda um tempo para ser feito e analisado. Mas, não quer dizer que, quando saem, não tem qualquer serventia. Pelo contrário, a partir de resultados como esses, a população é informada de como foi o crescimento econômico naquele período, assim como serve para realizar projeções para a economia”, afirma o economista.

Palavra do especialista

“O resultado apresentado ontem pelo IBGE revela a realidade da economia brasileira naquele período. Foram analisados 23 atividades econômicas realizadas no Brasil. Apesar de ser de 2009, ela tem grande importância tanto para o governo, quanto para as instituições privadas, para que elas possam fazer suas projeções com base em valores reais. Por exemplo, aqui no Maranhão, quando a Secretaria de Estado do Planejamento e Orçamento inicia os trabalhos do Plano Plurianual (PPA), sempre se funda nestes valores, para programar as políticas públicas para o estado. Agora, no Maranhão, implantaremos uma nova metodologia de balanço que é o PIB trimestral, onde teremos uma análise de um período mais curta da economia do estado. Ela só é realizada em nove estados e no próximo ano, já teremos o primeiro resultado dos três primeiros meses de 2012, que tomará como base os valores de PIB desde 2002”. (Fonte: O Imparcial)

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