Prefeitura de Imperatriz e Ceste discutem sobre nova enchente

25-01-2012 09:00

Imperatriz - A Prefeitura de Imperatriz promoveu, na semana passada, no auditório da Casa Brasil, reunião de trabalho para tratar dos problemas ocasionados pela enchente do dia 8 de janeiro. O encontro visou discutir também alternativas para que novas enchentes não ocorram mais de forma repentina. A previsão de mais chuvas deixa transparecer que muita água ainda vai rolar até meados de maio.

A reunião foi convocada pelo prefeito Sebastião Madeira. Ele disse estar preocupado com a possibilidade de nova cheia do Rio Tocantins. A última desabrigou dezenas de famílias, causando prejuízos, com a perda de móveis e eletrodomésticos.

A Superintendência de Defesa Civil teve de se desdobrar para retirar as famílias de suas casas e transportá-las para casas de parentes ou abrigos no Parque de Exposição Lourenço Vieira da Silva e Escola Paulo Freire.

Na reunião, o Consórcio Estreito Energia (Ceste) apresentou, por meio de seus representantes, os técnicos Dimas Martinguir e Isaac Braz Cunha, o Plano de Contingência para Situações Emergenciais da UHE Estreito.

O Ceste coordena um comitê gestor formado por algumas diretorias, entre elas a Jurídica, de Engenharia, de Comunicação, de Meio Ambiente, Administrativa e Operação da Usina, esta última principal responsável pela operação da hidrelétrica.

O comitê tem, entre outras atribuições, conforme informou Dimas Martinguir, fazer análise de dados de vazão de afluentes, vazão de defluentes, acionar a Defesa Civil dos municípios do Maranhão e Tocantins, que ficam na jusante (lado que vaza a maré) do Rio Tocantins.

Dimas Martinguir acrescentou que o comitê mantém relacionamento externo com órgãos como Agência Nacional de Águas (ANA), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), além de prestar esclarecimentos sobre situações emergenciais aos moradores das áreas de risco e também para os órgãos de imprensa.

Mesmo com o trabalho do comitê gestor, a UHE não suportou o enorme volume de água que se formou no reservatório da hidrelétrica Serra da Mesa, no Alto Tocantins. Ao receber aproximadamente cinco milhões de metros cúbicos de água, a Serra da mesa liberou a água, que tomou conta da UHE Estreito e esta, imediatamente, liberou as comportas.

Em apenas 12 horas, a tromba d’água chegou a Imperatriz desabrigando dezenas de famílias que moram nos bairros Caema, Leandra, Beira-Rio e Curtume.

Cobranças – O prefeito de Imperatriz disse na reunião que não aceita ponderações tipo “essas pessoas estão lá porque querem, razão por que não precisam de ajuda”. Madeira lembrou que, alguns anos atrás, as famílias destas áreas foram retiradas e levadas para a Vila Fiquene, onde ganharam casas em conjunto habitacional construído para elas.

“É certo que a maioria dessas pessoas deixou a Vila Fiquene e voltou para o bairro Beira-Rio”, comentou Madeira, acrescentando que elas voltaram porque ficam perto de seus locais de trabalho.

Por fim, o prefeito cobrou das autoridades presentes mais atenção. “O governo municipal está fazendo sua parte, mas é preciso que a sociedade em geral se envolva, tornando-se mais solidária com essa gente”, frisou o gestor.

O Consórcio Estreito Energia foi cobrado por vários órgãos e instituições, que se fizeram presentes à reunião de trabalho, atendendo a convite da Prefeitura de Imperatriz.

Entre estes estavam o 3º Grupamento do Corpo de Bombeiros, a Procuradoria da República, Promotoria em Defesa do Meio Ambiente, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Superintendência Municipal de Defesa Civil, Marinha do Brasil, Defensoria Pública do Estado e Fundação Rio Tocantins.

O procurador da República, Flauberth Martins, e o promotor de Justiça Jadilson Cirqueira, embora tenham deixado claro que estavam apenas acompanhando a reunião, cobraram alguns esclarecimentos e deram sugestões.

Flauberth Martins quis saber o que o Ceste pode fazer para evitar episódio semelhante e indagou qual planejamento a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil tem para o município de Imperatriz. Jadilson Cirqueira sugeriu a participação dos demais municípios atingidos nas próximas reuniões com os representantes do consórcio.

Representando a Fundação Rio Tocantins, o ambientalista Domingos Cezar mostrou preocupação com a frase de Dimas Martinguir, o qual afirmou: “Se a Usina Hidrelétrica Estreito segurar a água, coloca em risco o empreendimento”.

Domingos Cezar lembrou da enchente de 1980 e ressaltou que, se houver uma grande enchente, o risco não é apenas a perda de bens materiais, mas a vida da população.

O defensor público Fábio Sousa Carvalho disse que, como sua instituição tem preocupação voltada para as pessoas carentes, vai acompanhar atentamente a rotina dos desabrigados.

Garantias - Por sua vez, o sargento Miranda, do Corpo de Bombeiros, que faz diariamente o acompanhamento do movimento das águas, garantiu munir o comitê gestor do Ceste de informações, para que o consórcio possa se prevenir e avisar os municípios, caso uma nova enchente venha a acontecer.

O ouvidor-geral do Município de Imperatriz, Daniel Souza, cobrou do Ceste garantias para que os ribeirinhos não sofram outros prejuízos materiais.

Participaram ainda da reunião de trabalho com o prefeito Sebastião Madeira e os representantes do Ceste os secretários Enéas Rocha (Planejamento Urbano e Meio Ambiente), Miriam Reis (Desenvolvimento Social), Hudson Nascimento (Governo e Projetos Estratégicos), Elson Araújo (Comunicação), Cândido Madeira (Controladoria Geral do Município), Gilson Ramalho (Procuradoria Geral do Município).

Famílias perderam vários bens

Em reunião com representantes do Consórcio Estreito Energia (Ceste), o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, apresentou perdas do que chama de tragédia causada aos moradores dos bairros Caema, Beira-Rio, Leandra e Curtume. “Nós só não temos o número exato de móveis e eletrodomésticos perdidos, mas foram camas, sofás, armários, televisões, geladeiras, entre outros”, queixou-se o prefeito.

Assessorado pelo superintendente Municipal da Defesa Civil, Francisco das Chagas Silva, Madeira observou que isso aconteceu porque todos foram pegos de surpresa. “As enchentes do ano passado ocorreram no período de março a maio, mas este ano foi no início de janeiro e, para piorar, em um fim de semana”.

O gestor imperatrizense disse que, mesmo assim, a Defesa Civil mobilizou outros órgãos e até mesmo pessoas que se dispuseram a ajudar os ribeirinhos a abandonarem suas casas.

De acordo com o prefeito, 466 famílias moram em área de risco. Destas, 60 foram levadas para abrigos montados pela Prefeitura, sendo que 47 levadas para o Parque de Exposição e 13 instaladas na Escola Municipal Paulo Freire.

O prefeito afirmou que, naquela ocasião, o Rio Tocantins atingiu 8,70 m acima do nível normal. Ele garantiu que as famílias estão recebendo apoio da Prefeitura, por intermédio da Defesa Civil e das secretarias de Desenvolvimento Social, Saúde e Infraestrutura.

Justiça - Sebastião Madeira observou que teve de buscar meios jurídicos legais para conseguir recursos para alugar caminhões, entre outras coisas necessárias ao bem-estar dos desabrigados. Ele disse que agora a Prefeitura está preparada para uma nova enchente.

“Só não podemos impedir que os ribeirinhos voltem para suas casas, por isso procuramos nos prevenir para retirá-los da área caso haja necessidade”, concluiu o prefeito.

Por sua vez, o coordenador estadual de Defesa Civil, coronel Robério Santos, elogiou a iniciativa do prefeito de Imperatriz em acionar o órgão, dotando-lhe de condições para retirar as pessoas que na manhã de domingo (8) tiveram suas casas invadidas pelas águas do Tocantins.

O coordenador informou que o Governo do Estado, a partir da próxima semana, também vai dar sua contribuição. Serão distribuídos colchões, lençóis, cestas básicas, além da assistência na questão saúde.

A Superintendência Municipal de Defesa Civil e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social fez a terceira distribuição de cestas básicas aos desabrigados que se encontram instalados no parque de exposição e na Escola Municipal Paulo Freire. (Fonte: O Estado do Maranhão)

 

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