Produtos chineses

14-04-2011 09:20

 

A concorrência predatória imposta pelos produtos chineses no Brasil está na pauta da visita que a presidente Dilma Rousseff faz à China, mas até agora não houve nenhuma ação concreta que sinalize a resolução do problema.

Nos principais pontos de vendas de todo o país, do Natal ao Carnaval, só deu "quinquilharia chinesa". São produtos de qualidade duvidosa, que chegam ao Brasil apoiados numa rede de distribuição agressiva, com força para criar novos hábitos de consumo e matar a eventual concorrência em nosso mercado interno. Um exemplo são as empresas de plumas e paetês, que perderam 50% do mercado no Carnaval, período em que 80% das fantasias vendidas eram "made in China". Outro: cerca de 60% dos brinquedos comercializados no Brasil, no ano passado, vieram da China.

Quando se compra um produto importado, deixa-se de criar ou manter os empregos no Brasil. E uma sondagem feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que as empresas instaladas no Brasil importarão mais produtos chineses nos próximos meses.

Ao mesmo tempo em que se critica a abertura excessiva do mercado interno para os produtos chineses, que prejudica a indústria nacional e emagrece o PIB (Produto Interno Bruto), a China é o principal comprador de produtos brasileiros. Em 2001, a China era o sexto destino das exportações brasileiras (3,3%). Hoje é o primeiro (15,2%).

O Brasil exporta principalmente produtos primários e manufaturas intensivas em recursos minerais com baixo valor agregado (sem nenhuma tecnologia) e importa produtos chineses de baixa a alta tecnologia afetando o setor industrial brasileiro. Hoje, por exemplo, exporta-se minério de ferro e importa-se, da China, trilhos para nossas ferrovias. Para cada tonelada de minério necessária à produção dos mesmos trilhos, recebe-se algo em torno de R$ 231,00, mas paga-se aos chineses R$ 1.415,00. E ainda deixamos na China empregos que poderiam ser criados aqui mesmo.

A própria presidente Dilma Rousseff já reconheceu que o Brasil importa produtos com qualidade duvidosa da China, enquanto exporta commodities e acompanha um processo de desindustrialização. Dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo indicam que, desde 2008, tal processo já provocou o fechamento de 46 mil vagas na indústria. Isso significa que foram perdidos mais de 100 mil empregos diretos e indiretos.

Já são muitas as empresas que eram indústrias e alteraram a razão social para distribuidoras de produtos importados, fazendo com que no ano passado o Brasil perdesse mais de R$ 14 bilhões pelo não crescimento do PIB, dinheiro que poderia ter sido investido em educação, saúde pública, infra-estrutura aero e portuária, etc.

Nada contra o mercado global, mas é preciso que haja um ambiente sadio de competitividade. (Fonte: O Estado do Maranhão, Ed. 17.775, Opinião – pág. 04)

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