Protesto do Greenpeace já dura 48hs na Baía de São Marcos

16-05-2012 11:00

 

Ativistas do Greenpeace afirmam que siderúrgicas do Maranhão e do Pará cometem crimes ambientais; indústrias negam as acusações.

O protesto da Organização Não Governamental (ONG) Greenpeace na Baía de São Marcos completa hoje 48 horas. Os ativistas estão amarrados desde às 9h30 de segunda-feira (14) à corrente da âncora do cargueiro Clipper Hope, fundeado a 20 km da zona portuária de São Luís, programado para atracar sexta-feira (18) no Itaqui para carregar 31,5 mil toneladas de ferro-gusa. A manifestação visa denunciar práticas ilegais na cadeia de produção do ferro-gusa, como desmatamento irregular, invasão de terras indígenas e utilização de trabalho análogo à escravidão. A liderança da indústria siderúrgica, desde o início da ação ambientalista, nega a ocorrência das referidas práticas no setor.

De acordo com informes da ONG, a cada quatro horas dois ativistas se revezam na corrente de âncora do navio, na tentativa de impedir a movimentação do cargueiro em direção ao porto. Ainda segundo o Greenpeace, o Clipper Hope, com bandeira das Bahamas, foi contratado pela siderúrgica Viena (do Maranhão) para levar uma carga de mais de 30 mil toneladas de ferro gusa aos Estados Unidos. A entidade também cita a Sidepar (do Pará) em suas acusações.

O protesto do Greenpeace também tem outro objetivo. Há dois meses, a ONG lançou uma campanha nacional pelo Desmatamento Zero no Brasil, apoiada por várias organizações da sociedade civil. A meta é coletar 1,4 milhão de assinaturas para levar ao Congresso Nacional (em Brasília-DF) uma lei de iniciativa popular que garanta a proteção das florestas.

Jornada - Os integrantes do Greenpeace chegaram a São Luís a bordo do navio Rainbow Warrior, depois de uma passagem por Manaus (AM) e Belém (PA). De acordo com a Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), os ambientalistas informaram à autoridade marítima a pretensão de permanecer na costa de São Luís por, no mínimo, 10 dias.

O comandante da Capitania, Jair dos Santos Oliveira, disse que inicialmente não pretende interferir no protesto. "O navio [Clipper Hope] não foi impedido de seguir viagem. Ele só está previsto para aportar na quarta-feira [no caso, sexta-feira, de acordo com a administração do Itaqui]. Vamos ver se eles [os ativistas do Greenpeace] ficam até lá. Entramos em contato com órgão de segurança, mas só devemos interferir se eles tomarem alguma medida que representar algum risco para a navegação", disse o comandante.

Depois de concluir o protesto em São Luís, o navio Rainbow Warrior ainda ficará no Brasil até 5 de julho deste ano e passará por Recife (PE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) - onde participa da Rio+20, que será realizada de 10 a 17 de junho - e Santos (SP).

Indústria - Em nota divulga segunda-feira, o Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Estado do Maranhão (Sifema) afirmou que não são verídicas as acusações da ONG e que todas as sete usinas siderúrgicas instaladas em território maranhense são autossustentáveis quanto à produção do insumo carvão vegetal, adquirido a partir de florestas produtivas plantadas com eucaliptos.

Ainda segundo o sindicato, desde a criação do Instituto Carvão Cidadão, nenhuma das siderúrgicas maranhenses integra a lista de empresas exploradoras de trabalho escravo, organizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O Instituto Carvão Cidadão é uma ONG criada e mantida pelas siderúrgicas maranhenses, que visa auxiliar e orientar os fornecedores de carvão vegetal para a indústria de gusa no sentido de adequá-los a todas as exigências da legislação trabalhista; e que os fornecedores que não se enquadram nas exigências legais são descredenciados e deixam de ter relações comerciais com as siderúrgicas. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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