Qualificação e especialização são cada vez mais procuradas
Diante das deficiências em qualificação e mão-de-obra especializada, muitos cursos de especialização têm sido criados em áreas em expansão no estado. Na Escola de Negócios Excellence (ENE), por exemplo, são oferecidos cursos Master of Business Administration (MBA) em áreas como Petróleo e Gás, Gestão Ambiental e Responsabilidade Social, Negócios Internacionais e Gestão Portuária.
“Criamos os cursos por causa da necessidade de mercado. Várias empresas que vão se instalar no Maranhão nos procuram para qualificarmos profissionais. Já aconteceu de montarmos uma turma e, ao final do curso, todos serem contratados por uma única empresa”, afirma o diretor de Negócios da ENE, Ricardo Carreira.
No Instituto Laboro, a falta de profissionais especializados no Maranhão é sentida até na hora de montar o corpo docente do local. A grande maioria dos professores do instituto teve de ser captada fora do estado. Alguns cursos oferecidos são Gestão Portuária e Gestão e Restauro Arquitetônico. “O porto está sendo ampliado e serão necessários profissionais para o setor. São Luís é Patrimônio Histórico e há poucos restauradores, por isso, o Centro Histórico de São Luís está do jeito que está, deteriorado. Foi pensando nisso que criamos os cursos”, considera a diretora acadêmica do Instituto Laboro, Mônica Gama.
Técnico - No Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), a busca por cursos técnicos está crescendo. A situação acompanha o cenário do resto do país, onde o número de matrículas cresceu 74,9% de 2002 a 2010, chegando a 1,14 milhão, segundo o Ministério da Educação (MEC).
Segundo Fernando Antônio Lima, pró-reitor de extensão e relações institucionais do IFMA, o Maranhão foi o estado que mais ganhou escolas técnicas, perdendo apenas para São Paulo. Só de unidades próprias, o IFMA tem 18 em todo o Maranhão.
Enquanto cursos técnicos relacionados à construção, produção e outros como segurança e saúde do trabalho estão em alta, cursos como Design e Telecomunicações tiveram queda na procura por profissionais no mercado de trabalho. “No momento, Design é um dos cursos que estão em baixa porque as empresas que estão vindo para o Maranhão já têm os seus projetos prontos, não precisando desse tipo de mão-de-obra aqui. Telecomunicação também teve queda”, explica Fernando Antônio Lima.
Para explicar o processo de necessidade de mão-de-obra que deverá ser exigido nos novos empreendimentos, o secretário estadual de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Maurício Macedo, conta que as vagas mais procuradas inicialmente serão de pedreiro, topógrafo, carpinteiro, entre outras consideradas de base. Em seguida, a busca será por eletricistas e mão-de-obra técnica.
Algumas empresas formam os próprios empregados. Como no caso da Petrobras, que deverá qualificar cerca de 25 mil trabalhadores locais. Já a Suzano Papel e Celulose realizou concurso próprio para o qual houve 30 mil inscritos para preencher 320 vagas.
Estágio, fundamental para jovens obterem experiência
Falta de experiência é um dos principais motivos do desemprego dos 15 aos 24 anos; empresas juniores e estágios ajudam
A estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é de que este ano 12,7% dos jovens fiquem desempregados em todo o mundo. Segundo dados de Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), até 2008 metade do total de desempregados no Brasil tinha de 15 a 24 anos. Um dos motivos para esses índices é a falta de experiência. Para contornar a situação, candidatos optam por entrar no mercado de trabalho por meio de empresas juniores, estágios e intercâmbios.
O estudante Ruan Tavares Ribeiro cursa o 6º período do curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e é presidente da Labotur, a primeira empresa júnior de Turismo do Brasil, fundada em 1994. A participação do jovem no empreendimento foi iniciada visando à entrada no mercado de trabalho. “Conta muito no currículo. Na empresa júnior o aluno tem a oportunidade de se inserir mais rapidamente no mercado e conhecê-lo ainda dentro do contexto acadêmico. O atual secretário de Turismo de São Luís, o Liviomar Macatrão, por exemplo, foi um dos fundadores da Labotur”, informa.
Ruan Tavares Ribeiro diz que esse tipo de atividade desperta o espírito empreendedor do estudante. “Aqui viramos gestores e não só colaboradores. Na Labotur, por exemplo, desenvolvemos trabalhos de consultoria, treinamento, agenciamento e eventos. Comando um grupo de 17 integrantes. Se estivesse em uma empresa normal não teria oportunidade de desenvolver essas atividades”, compara.
Outra opção - e a mais comum - escolhida pelos jovens é o estágio. No Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), por exemplo, há parcerias com várias empresas. O CIEE, então, passa a ser responsável por recrutar jovens de níveis médio, técnico e superior e encaminhá-los, com permissão da instituição de ensino, para as corporações com vagas disponíveis.
O estudante do 9º período do curso de Rádio e TV da UFMA, Miguel Bruno Chaves, foi um dos que buscaram o início da carreira na área por meio do estágio. Ainda no 6º período o universitário teve a primeira oportunidade ao inscrever-se no banco de vagas do CIEE. Em seguida iniciou como operador de som da Rádio Mirante AM.
Após um ano, passou a exercer o cargo de editor de imagens da TV Mirante, ainda por meio do CIEE. Hoje ele é funcionário efetivo da rádio e diz que a oportunidade serviu para perceber a dinâmica do mercado de trabalho. “O estágio foi determinante na minha contratação. Através dele pude demonstrar minhas habilidades profissionais e colocar em prática o que via nas salas de aula da universidade”, afirma. (T.D.)
Dicas para os jovens profissionais
Para ingressar no mercado de trabalho
- Procure oportunidades de estágio;
- Se for universitário, procure saber se o seu curso possui empresa júnior e se integre ao grupo;
- Faça cursos de capacitação, como de informática e língua estrangeira, para suprir a falta de experiência;
- Participe de seminários, conferências e afins dentro de sua área de interesse;
- Esteja sempre atualizado quanto ao que está acontecendo na cidade, estado, país e mundo;
- Exercite a leitura para aprimorar a capacidade de diálogo;
- Mostre ser criativo, determinado e de fácil convivência;
- Viaje;
- Tenha um mentor, alguém experiente para lhe dar conselhos profissionais e lhe auxiliar durante o processo. (Fonte: O Estado do Maranhão, Ed. 17.771, Economia – pág. 02)