Risco de naufrágio deve manter navio atracado

06-12-2011 10:28

O navio de transporte de minérios Vale Beijing, da empresa sul-coreana STX Pan Ocean, fretado pela Vale, deverá ser mantido no Pier I do Terminal Marítimo Ponta da Madeira (TMPM) por tempo indeterminado, até que a Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA) conclua a perícia técnica e verifique que não há mais qualquer risco de naufrágio do graneleiro. A Capitania abriu um Inquérito Administrativo para apurar o que causou rachaduras na parte inferior de um dos tanques do lastro do navio, possibilitando assim a entrada de água, e encaminhará o caso ao Tribunal Marítimo. Uma equipe de engenheiros da empresa STX Pan Ocean deverá chegar esta semana a São Luís, para realizar uma perícia paralela à da Marinha do Brasil.

O acidente ganhou repercussão internacional e poderá ter como uma das consequências a perda na lucratividade da Vale. Isso porque o Pier I do porto Ponta da Madeira, de propriedade da mineradora, interditado, sem condições de receber navios e operar o carregamento de minério de ferro, pelota, soja, manganês, ferro-gusa e cobre. A Vale, porém, não confirma a informação.

De acordo com o Capitão-de-Mar-e-Guerra, Nelson Calmon Bahia, comandante da Capitania dos Portos do Maranhão, não há prazos para que o laudo pericial da Marinha do Brasil seja concluído. Ele disse que todo o efetivo da Capitania está de alguma forma envolvido na situação. O comandante informou também que ainda não é possível afirmar se as rachaduras no navio foram provocadas por eventual erro de manobra, peso acima do permitido, estrutura deficiente ou qualquer outro motivo. "Independentemente do que provocou o acidente, o caso será encaminhado para julgamento no Tribunal Marítimo. As punições, porém, estão fora da minha alçada. Somente o Tribunal poderá julgar", disse.

Calmon Bahia disse que a Capitania também aguarda a chegada da equipe de engenheiros da STX Pan Ocean, que trabalharam na concepção do navio, para acompanhar e discutir uma nova perícia técnica. "Ficará mais fácil tentar entender o que aconteceu, com duas equipes pensando juntas. O que podemos garantir é que o navio permanecerá em São Luís por tempo indeterminado", completou.

Operação - O navio, carregado com 384,3 mil toneladas de minério de ferro, e que custou US$ 110 milhões, foi entregue no dia 23 de novembro. A embarcação, uma das maiores do mundo, atracou no porto Ponta da Madeira na última sexta-feira, em sua primeira operação, e deveria ter zarpado no domingo, após a conclusão do carregamento. O graneleiro seguiria para o porto de Rotterdam, na Holanda. A carga de minério de ferro que está no navio, segundo portais de notícias, é suficiente para produzir uma quantidade de aço capaz de abastecer a construção de três pontes Golden Gate, um dos principais pontos turísticos da Califórnia. Para a agência de notícias Reuters, uma fonte ligada a operação, falou sobre a situação do navio em São Luís. "Ainda está sendo decidido o que será feito para solucionar o problema. Uma alternativa é retirar a carga do navio", disse.

O graneleiro Vale Beijing apresentou rachaduras em um dos tanques do lastro (casco), no sábado, após ter sido feito o carregamento, no Pier I do porto Ponta da Madeira. Desde então, uma equipe de combate a sinistros formada pela tripulação e operários da Vale trabalha para manter o navio em níveis de segurança, evitando assim o naufrágio. A Capitania dos Portos, que acompanha e investiga o caso, divulgou uma nota no domingo, que tratou sobre o assunto.

A Secretaria Nacional de Portos também confirmou o problema com o navio sul-coreano. O Governo Federal, no entanto, não informou detalhes.

O Estado entrou em contato com a empresa STX Brasil Trading, do grupo STX, com sede no Rio de Janeiro, mas não conseguiu falar com os diretores, que passaram o dia em reunião, segundo informou uma secretária. A Vale informou que está acompanhando as tratativas que estão acontecendo entre a STX Pan Ocean, proprietária e operadora do navio, DNV (órgão classificador do navio) e as autoridades responsáveis, e espera que o navio seja removido nas próximas horas para uma área de fundeio onde, com segurança, novas ações sejam tomadas pela empresa responsável.

Acidente provoca impacto na Vale

O problema com o navio Vale Beijing poderá atingir o cronograma de operações e consequentemente a economia da Vale. Tudo porque o Pier I, o de segunda maior movimentação do porto no ano, está interditado, para que seja possível a realização dos serviços periciais da Marinha do Brasil. A Vale não confirmou a informação.

O Terminal Marítimo Ponta da Madeira realiza diariamente operações de movimentação de minério de ferro, pelota, soja, manganês, ferro-gusa e cobre. Uma parte significativa de produção da companhia, vinda de Carajás (PA), escoa pelo porto. O impacto é inevitável.

De janeiro a outubro deste ano, a Vale movimentou 87.381.654 toneladas (t) de carga no Terminal Portuário Ponta da Madeira, que integra três atracadouros (Píer I, Píer III/Norte e Píer III/Sul), bem como o berço 105 do Porto do Itaqui, arrendado à mineradora, que denomina o Píer II.

De acordo com as estatísticas da empresa, o maior volume de carga este ano foi de minério de ferro, que chegou a 77.462.723 t no período, o que equivale a 88,64% da movimentação total da empresa. Além disso, o TPPM registrou o embarque de 4.334.878 t de pelota (minério de ferro usinado), 4,96% do resultado geral. O terceiro produto de maior movimentação no TPPM é a soja, que chegou a um volume de 2.350.777 t no período em referência.

De janeiro a outubro deste ano, a mineradora registrou a operação de 518 navios, sendo 139 no Pier I, 67 no Pier II, 306 no Pier III e mais seis embarcações no Porto do Itaqui. Como destaque, dos 58 cargueiros que atracaram no TPPM em outubro, de acordo com as estatísticas, 48 navios foram utilizados exclusivamente para embarques de minério de ferro.

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O navio de 400 mil toneladas de capacidade faz parte de um pacote de encomendas da Vale para fretamento. O contrato para este tipo de operação, deste e de outros navios entre as companhias Vale e STX, fechado em 2009, é da ordem de US$ 6 bilhões, segundo a empresa asiática.

Acidentes históricos no CPSL

Em 1954 o navio Maria Celeste, da bandeira americana, pega fogo na Rampa Campos Melo, a poucos metros da Avenida Beira Mar, quando iniciava uma operação de transbordo de combustíveis através de tonéis.

Em 1987 o navio coreano Hyunday New World, carregado com 110 mil toneladas de carvão e 90 mil toneladas de minério de ferro deixa o porto de Ponta da Madeira com destino ao porto de Xangai. Um defeito na casa de máquinas - alguns afirmam que pó imperícia do comandante da embarcação - comprometeu a manobrabilidade do navio, e ele jogado no banco de areias conhecido como Cavalos, onde até hoje estão os seus destroços.

Em 1988 o navio Norsul Trombetas, carregado com 24 mil toneladas de bauxita estava prestes a entrar no canal de acesso ao terminal da Alumar, fábrica de alumínio do Maranhão, resultado do Consórcio Billiton, Alcoa e Alcan. Faltando poucos quilômetros para atracar, encalhou num bando de areia chamado Lanzudos. Doze anos depois ainda existem destroços no local. Em 1990 depois de encalhar no bando de areia Cavalos, o navio Hyunday New World continuou produzindo acidentes na baía de São Marcos. O navio Orad Nassau, carregado com 33 mil toneladas óleo diesel, chocou-se com os destroços do navio coreano e parte de sua carga foi jogada ao mar, causando um dos mais graves acidentes ecológicos já registrados na principal rota portuária do Maranhão.

Em 1993 o Rebocador Rigel, a serviço da então Companhia Vale do Rio Doce, envolve-se num acidente com o navio Mount Athos, logo nos primeiros meses do ano. Como conseqüência do choque o rebocador foi a pique, matando dois dos seus tripulantes.

Em 1994, no Terminal de Ponta da Madeira, o navio Trade Daring naufragou. Uma mega-operação foi realizada pela Companhia Vale do Rio Doce para liberar o terminal que ficou completamente parado por exatos 35 dias. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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