Segundo Alcoa crise do alumínio preocupa

08-04-2012 12:15

 

O presidente da Alcoa América Latina, Franklin Feder, admitiu que a crise na indústria mundial de alumínio é preocupante, inclusive com reflexos no Brasil, onde a multinacional pode paralisar atividades em duas plantas, entre as quais a Alumar, instalada em São Luís. O problema é o alto custo da produção, sobretudo com energia elétrica, que se configura como grande gargalo à competitividade das fábricas de alumínio.

"A situação é real, não é choradeira. Temos interesse de manter nossos negócios no Brasil, mas aqui temos um grande problema, que é o preço da energia elétrica, o maior cobrado entre todas as 25 fábricas da Alcoa no mundo", declarou Franklin Feder, que estava acompanhado do diretor da Alumar, Nílson Ferraz, momentos antes de uma reunião no Palácio dos Leões com o então governador em exercício Washington Oliveira e representantes da Força Sindical.

Segundo Franklin Feder, há uma grande disparidade no preço da energia no Brasil em relação a outros países. Ele disse que a Alumar paga US$ 150,00 por MWh de energia elétrica, enquanto a média mundial é US$ 80,00. Em países do Oriente Médio, onde há grandes reservas de gás natural, o preço da energia não passa de US$ 40,00 o MWh.

O presidente da Alcoa América Latina informou que o elevado preço da energia elétrica no Brasil tem na cobrança de tributos e encargos, que chega a 50% de participação, o principal fator. Na Alumar, o insumo responde por cerca de 40% do custo total da produção de alumínio.

Custos de produção - Todo esse custo de produção, aliado à retração de demanda no mercado internacional e preço do alumínio, tem afetado os negócios da Alcoa, não só na Alumar, no Maranhão, mas também em sua planta em Poços de Caldas, em Minas Gerais.

Hoje, para produzir uma tonelada de alumínio, a Alumar tem um custo de US$ 2,3 mil. O preço do produto no mercado internacional está em torno de US$ 2 mil. A diferença de US$ 300,00 acaba sendo absorvida pela empresa, ou seja, pelos investidores. Considerando que a produção anual da fábrica é em torno de 470 mil toneladas, o prejuízo chega a US$ 141 milhões.

É por causa desse cenário de crise, de falta de competitividade, que a Alcoa mundial está pressionando sua subsidiária na América Latina para encontrar uma solução a curto prazo para o problema do alto custo de produção de suas duas fábricas no Brasil, sob pena de cortes.

Franklin Feder disse que tem negociado com o Governo Federal soluções para reverter essa ameaça de cortes na produção de alumínio nas duas fábricas da Alcoa no Brasil. Entre as propostas apresentadas pela multinacional, que o contrato de fornecimento de energia da Eletronorte fosse revisado ou que seja agilizado o processo de licenciamento ambiental de dois projetos de autogeração de energia elétrica, localizados no Rio Grande do Sul e Tocantins.

O contrato com a Eletronorte, que fornece energia elétrica produzida pela Hidrelétrica de Tucuruí, foi renovado pela Alcoa em 2004 por um período de 20 anos. Ou seja, vencerá em 2024. Hoje, a Alumar já consome 165 MW de energia elétrica produzidos pela Hidrelétrica de Estreito, empreendimento do qual a multinacional é uma das sócias.

Multinacional está confiante de que será encontrada uma solução

Apesar de todas essas dificuldades hoje enfrentadas pela indústria do alumínio, o presidente da Alcoa América Latina, Franklin Feder, está confiante de que seja encontrada uma solução e as linhas de produção da Alumar não sejam afetadas, com o também a planta de Poços de Caldas, em Minas Gerais. Ele deve se encontrar amanhã, nos Estados Unidos, com a presidente Dilma Rousseff e com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para tratar do assunto.

Franklin Feder fez questão de esclarecer ainda que, se vier a acontecer cortes na Alumar, incidirá somente a fábrica de alumínio. "A refinaria (onde se produz alumina) e o porto não serão afetados", garantiu o executivo.

O presidente da Alcoa Mundial, Klaus Kleinfeld, havia dado um prazo até 31 de março passado para que a sua subsidiária na América Latina encontrasse alternativas de redução de custos que possam viabilizar a produção de alumínio no Brasil.

Até essa data, Franklin Feder manteve contatos com o Governo Federal em busca de uma solução. Recebeu o pedido da União para postergar por mais 60 dias a decisão de cortar linhas de produção nas fábricas de São Luís e de Poços de Caldas.

Reduzir custos - Segundo a Alcoa, o Governo Federal teria sinalizado esforços para reduzir os custos de energia, principal entrave à competitividade da indústria do alumínio no Brasil, estimando prazo de 60 dias para apresentar soluções e evitar eventuais impactos de produção.

"Em reconhecimento aos esforços das autoridades brasileiras na busca de respostas a este desafio e atendendo a solicitação do Governo Federal, a decisão sobre eventuais ajustes de produção de Poços de Caldas (MG) e em São Luís (MA) foi postergada por 60 dias", disse em nota a Alcoa.

A Força Sindical no Maranhão também está preocupada com a ameaça de corte na linha de produção de alumínio da Alumar. "Esperamos encontrar uma solução para o problema, pois temos que preservar o emprego de milhares de trabalhadores", frisou o presidente da entidade, Frazão Oliveira.

Números

480 MWh é consumo total de energia elétrica da Alumar

US$ 150 É o valor do MWh de energia elétrica pago pela Alumar

US$ 2,3 Mil é o custo de produção de uma tonelada de alumínio na Alumar. (Fonte: O Estado do Maranhão)

 

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