Suzano paga para renegociar endividamento

29-12-2011 15:36

Em meio à temporada de renegociação de dívidas, a Suzano Papel e Celulose, por ora, foi a única empresa que pagou um prêmio aos credores pelo descumprimento dos limites de endividamento, os chamados "covenants".

Em assembleia realizada ontem, os detentores das debêntures da terceira emissão da companhia perdoaram o estouro no nível de alavancagem verificado no terceiro trimestre, que deve ser repetir neste fim de ano.

Dessa forma, a Suzano não terá de pagar antecipadamente os títulos, que somam R$ 500 milhões - a maior dívida da companhia. Pelo perdão, no entanto, a empresa pagará um adicional de 1,9% sobre o valor nominal das debêntures.

Dentre os detentores de debêntures da segunda série da terceira emissão, que soma R$ 167 milhões e vence em 2019, o perdão pelo estouro nos "covenants" foi aprovado por unanimidade.

Já entre as debêntures da primeira série, que vencem em 2014 e correspondem à maior parcela da emissão - R$ 333 milhões -, a concessão foi aprovada por 83,89% dos detentores.

A Fundação Ceres, a Western Asset e os fundos de investimentos Athena e Bradesco Multimercado Mining se posicionaram contra a decisão.

Pressionada pelo câmbio, que encerrou o terceiro trimestre em R$ 1,88 - alta de quase 20% sobre a cotação do fim de março -, a relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu 4,2 vezes no período, contra o múltiplo de 3,1 observado nos três meses anteriores.

Pelo acordo firmado na escritura de emissão das debêntures, a relação dívida líquida/Ebitda da empresa não poderia ultrapassar o limite de 4 vezes por dois trimestres consecutivos.

Recentemente, o presidente da Suzano, Antônio Maciel Neto, afirmou ao Valor que a companhia não excederia os limites apenas se o dólar encerrasse o ano abaixo dos R$ 1,75.

Ontem, a moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 1,87. Vale lembrar que a dívida atrelada à moeda estrangeira é contabilizada nos balanços trimestrais pela cotação do último dia útil do período.

Conforme o acordo firmado com os debenturistas ontem, a Suzano terá de retomar o nível de endividamento de 4 vezes dívida líquida/Ebitda a partir do terceiro trimestre de 2012.

Com caixa de R$ 3 bilhões frente a uma dívida de curto prazo de R$ 1,5 bilhão, a liquidez, por ora, não é problema para a fabricante de papel e celulose. O que preocupa é a capacidade da empresa de financiar seu plano de investimento nos próximos anos.

Para entregar seu principal projeto, uma fábrica de celulose no Maranhão com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas anuais, em novembro de 2013, como prevê o cronograma, a Suzano precisará desembolsar grande parte do valor total do projeto, de US$ 2,9 bilhões nos próximos dois anos.

Com cerca de 90% da sua dívida atrelada em moeda estrangeira, os níveis de alavancagem da Fibria, concorrente da Suzano, também foram pressionados pelo valorização do dólar.

Nesse caso, porém, a empresa conseguiu que os credores de empréstimos que somam R$ 2,5 bilhões perdoassem o estouro no limite de endividamento sem oferecer contrapartidas.

Na segunda-feira, a distribuidora de energia elétrica Energisa também renegociou preventivamente suas cláusulas de dívida. Os detentores de uma emissão de debêntures de R$ 150 milhões aceitaram aumentar o limite de endividamento previsto, sem um adicional pela concessão.

Encerrando a fila, hoje é a vez da fabricante de equipamentos para o setor de petróleo Lupatech renegociar com os debenturistas.

O perdão, nesse caso, é quase certo, já que o BNDES, detentor de 90% dos títulos, é o terceiro maior acionista da empresa.

Com o temor de que a empresa estaria prestes a dar um calote, o banco de fomento anunciou no mês passado que está estudando "alternativas no mercado" para solucionar a questão financeira da companhia. Ao fim de setembro, a empresa possuía dívida líquida de R$ 1,2 bilhão e apenas R$ 30 milhões em caixa. (Fonte: Valor Econômico)

 

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