UFMA discute na SPBC impactos do Centro Espacial de Alcântara

24-07-2012 08:25

Foi discutido ontem os impactos do construção do Centro Espacial de Alcântara sobre as comunidades quilombolas.

Representantes das comunidades quilombolas, da Prefeitura de Alcântara e da Agência Espacial Brasileira (AEB) participaram, na tarde de ontem, no auditório central da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), de um debate sobre os impactos causados com a construção do Centro Espacial de Alcântara (CEA).

Participaram das discussões o reitor da UFMA, Natalino Salgado, o presidente da AEB, o matemático maranhense José Raimundo Braga Coelho, o representante da Prefeitura de Alcântara, o engenheiro agrônomo Ricardo Lucas Machado, e o coordenador do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial (Mabe), Leonardo dos Anjos.

De acordo com o reitor da UFMA, que mediou as discussões, não houve um planejamento para o remanejamento sustentável das famílias que viviam no local, onde atualmente funciona o CEA. Segundo ele, é necessário abrir uma discussão mais ampla sobre o que fazer com as famílias retiradas em 1983, ano de inauguração do Centro de Lançamento de Alcântara ( CLA), dos seus locais de origem, e que foram transferidas para sete agrovilas, localizadas a 14 km de Alcântara.

“Nunca houve um plano efetivo para facilitar a retirada das famílias constituídas por descendentes de escravos do entorno da atual construção do CEA. Por isso, é importante que a UFMA, através da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), promova esse debate, envolvendo todas as partes, desde o poder público em Alcântara até representantes das comunidades quilombolas que, até hoje, vivem na região”, afirmou o reitor.

Políticas públicas - Já o representante da Prefeitura de Alcântara fez uma análise das principais políticas públicas adotadas junto aos membros das comunidades, voltadas, efetivamente, para a agricultura de subsistência, pesca, cultura, esporte e lazer. Através de fotos, ele citou alguns dos locais beneficiados pelo Município.

“A Prefeitura, em nome do prefeito alcantarense Raimundo Soares do Nascimento, prioriza o auxílio a essas pessoas. Algumas famílias que residem em comunidades quilombolas, como Espera, Cajueiro, Pepital e Só Assim, recebem uma ajuda de custo para utilizarem da forma como quiserem. Nos próximos anos, vamos iniciar um plano denominado Alcântara Sustentável, que vai estimular a produção e o uso da matéria orgânica para o cultivo e colheita de alimentos, além de realizar a coleta seletiva do lixo. Acreditamos que, com essas e outras medidas, vamos amenizar a situação das famílias que, devido à mudança causada pelo CEA, tiveram a renda mensal prejudicada”, declarou.

Críticas - O coordenador do Mabe, Leonardo dos Anjos, representante da comunidade quilombola Brito, fez críticas à atual gestão municipal alcantarense, afirmando que boa parte das promessas feitas pelo poder público, em termos de ajuda para a população local, não foi cumprida.

“Até hoje, nós da comunidade Brito vivemos apenas do que produzimos na pesca e na agricultura, além do que recebemos como ajuda de custo do Governo Federal. Isso é muito pouco para dar às pessoas que, por lei, são as donas daquelas terras”, informou o coordenador. Ele ainda fez uma denúncia sobre a venda indevida de terras de propriedade dos quilombolas. “Algumas pessoas estão se apropriando de forma indevida daquelas terras e ganhando muito dinheiro através da venda dessas áreas”, afirmou, sem citar possíveis nomes de pessoas envolvidas.

Presidente da AEB garante lançamento do Cyclone-4

Em entrevista coletiva realizada na tarde de ontem no Centro Pedagógico Paulo Freire, durante as atividades da SBPC, o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, disse que até o primeiro semestre de 2014 deverá ocorrer o lançamento do foguete Cyclone-4, desenvolvido em uma parceria entre o Brasil e a Ucrânia.

“Falta apenas efetuarmos a conclusão do novo Centro de Lançamento de Alcântara [CLA]. Após os testes de lançamento do veículo, o que deverá ocorrer no ano que vem com mais intensidade, a AEB dará a autorização para, enfim, lançarmos o Cyclone-4”, disse o presidente após analisar as condições, segundo ele, favoráveis encontradas em Alcântara para testes espaciais. “A cidade de Alcântara está localizada a apenas 2 graus e 18 minutos de latitude sul da Linha do Equador, o que é benéfico para lançamentos desse porte”.

Quanto aos futuros investimentos, o presidente afirmou que devem ser aplicados, nos próximos anos, cerca de R$ 700 milhões no Centro Espacial de Alcântara, resultado de parcerias entre o Centro Espacial e financiadores privados. “No entanto, é preciso ressaltar que o Governo Federal deveria ser nosso maior parceiro quanto à manutenção e modernização do CLA, o que não ocorre, no momento. Por isso, fomos obrigados a recorrer às verbas privadas para, enfim, inserir de vez o Brasil no cenário das grandes potências, quanto aos projetos espaciais”, finalizou José Raimundo Braga Coelho.

Investimentos

Ainda na tarde de ontem, durante o debate sobre os impactos da construção do CEA nas comunidades quilombolas alcantarenses, o reitor da UFMA, Natalino Salgado, anunciou investimentos para a cidade, que foram adquiridos através de pedidos feitos pela direção da UFMA.

“Em contato com a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, recebemos a informação de que o estado irá construir em Alcântara um Centro Técnico de Ensino voltado para a capacitação profissional da população local. Isso, além de significar uma oportunidade de trabalho para essas pessoas, dá a elas uma fonte de renda importante, sem necessariamente obrigá-las a procurar emprego em São Luís, mantendo, assim, os laços com a terra natal”, informou Salgado. (Fonte: O Estado do Maranhão)

 

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