UHE Estreito transforma região

05-12-2010 11:35

Região passa por grandes mudanças, entre elas a construção de uma nova estrutura hoteleira e de serviços no município de Estreito; Carolina também já começa a ter reflexos dos investimentos, ocorridos graças à implantação da hidrelétrica

ESTREITO – Em março de 2007, quem passava pela Ponte Presidente Juscelino Kubistchek, na BR-010, que liga o Maranhão ao Tocantins, se encantava pela estrutura da rodovia Norte-Sul, construída ao lado direito da estrada. Agora, quase quatro anos depois, quem observa o lado direito da estrada, consegue ver que a paisagem mudou completamente. O que antes era apenas mato, pedras e algumas poucas casas humildes, transformou-se em um dos maiores complexos hidrelétricos do país.

A construção da Usina Hidrelétrica Estreito (UHE Estreito) mudou não somente a paisagem sobre o Rio Tocantins como também trouxe mudanças expressivas para os 12 municípios diretamente impactados pela obra (10 no Tocantins e dois no Maranhão – Carolina e Estreito). A cidade de Estreito ganhou uma nova estrutura com hotéis, casas de shows, postos de gasolina e diversos serviços para atender o grande fluxo de pessoas que se mudaram ou passaram a adotar Estreito como local de trabalho em função da hidrelétrica. Já em decorrência dos impactos do enchimento do lago do Rio Tocantins, foi necessária a construção de uma nova estrutura de pontes e estradas na região.

Para comportar o intenso fluxo migratório da cidade, ocorrido em função das obras da Usina Hidrelétrica Estreito (de aproximadamente 25 mil em 2007 a população subiu para cerca de 30 mil hoje – um crescimento de aproximadamente 20%, excluindo-se os trabalhadores temporários que não entram neste cálculo), a cidade passou por uma verdadeira revolução em seu setor de serviços.

Foram construídos dois hotéis nos últimos anos e outros tiveram sua estrutura melhorada, com a construção de salas para a realização de eventos e disponibilização de áreas de lazer com piscina. O número de leitos, no geral, cresceu 40% em três anos. O aumento da rede de postos de gasolina também foi expressivo. Antes da usina, no centro da cidade existiam apenas dois postos. Agora, há um novo já em funcionamento, outro em fase de conclusão e um quinto com as obras iniciadas. Este posto funcionará em uma antiga residência e ainda é possível ver no muro a placa “vende-se esse imóvel”.

Antes algo inexistente, duas boates também foram abertas em Estreito nos últimos anos, bem como novas lanchonetes e lojas de confecções. Alguns estabelecimentos foram montados para atender a uma clientela pertencente às classes A e B. “Criou-se uma grande estrutura de serviços, principalmente visando ao alto padrão. Estreito criou uma vida própria e acho que isso será mantido nos próximos anos”, declarou o empresário Antônio Cícero Neto, ex-presidente da Associação Comercial de Estreito.

Estrutura - Em relação à estrutura física, um exemplo marcante da transformação na cidade foi a inauguração da ponte sobre o Rio Farinha. A entrega da ponte ocorreu em setembro e foram necessários 52 dias para a conclusão da obra. A estrutura tem 200 metros de extensão e 15m de altura por 13m de largura. Na intervenção, foram utilizados aproximadamente 4 mil m³ de concreto e 400 toneladas de aço. Cerca de 100 homens trabalharam na obra. A reconstrução da ponte foi necessária por causa do enchimento do lago. A ponte antiga era 10 metros mais baixa.

Um trecho de aproximadamente dois quilômetros da BR-010, na entrada da UHE Estreito, foi duplicado e Estreito também ganhou postos de saúde, um grande posto policial, localizado ao lado da BR-010 (antes, funcionava em um prédio improvisado), houve reforma de algumas praças e 13 km de vias foram asfaltadas desde 2007.

A Prefeitura de Estreito também foi obrigada a realizar intervenções por causa do fluxo migratório de pessoas. Cinco escolas foram construídas no período e o volume de funcionários públicos triplicou. Antes, eram 600 e hoje são 1.800 servidores somente no Município de Estreito. A ampliação foi bancada pelo aumento de arrecadação municipal, conseqüência da hidrelétrica. Em função da UHE, o município passou a arrecadar

R$ 600 mil/ano de Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN), conforme dados da prefeitura. Destes, R$ 100 mil são diretamente da hidrelétrica.

O intenso fluxo migratório trouxe, em 2007, alguns medos para a população. Entre os quais, um eventual aumento da violência, crescimento da prostituição e outros problemas típicos de uma cidade grande. Com o tempo, os moradores perceberam que muitas dessas previsões catastróficas não foram confirmadas. “A gente ficava com medo, mas hoje se acostumou a essas mudanças”, disse o vendedor Ricardo Silva, morador da cidade. “Existem os impactos, logicamente. Mas, diante dos benefícios, os ônus são mínimos”, reconheceu o prefeito de Estreito, Zequinha Coelho (PDT). (O Estado do Maranhão; Ed. 17.647; Complemento B; Economia - pág. 01)

 

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