Vale: lucro e mudanças

06-05-2011 15:07

 

A Vale bateu novo recorde ao lucrar no primeiro trimestre do ano quase quatro vezes mais do que em igual período do ano passado. A mineradora lucrou R$ 11,291 bilhões, um crescimento de 292,2% ante os R$ 2,879 bilhões registrados no primeiro trimestre de 2010. O aumento reflete preços maiores de seu principal produto, o minério de ferro. Na comparação com o quarto trimestre de 2010, a alta foi de 12,9%.

O último recorde havia sido registrado no terceiro trimestre do ano passado (R$ 10,554 bilhões). Em 2010, impulsionada pela alta do minério de ferro e pela nova política de reajuste trimestral, a empresa registrou seu melhor resultado anual, com alta de 192% no lucro líquido, para R$ 30,1 bilhões.

O resultado da Vale divulgado ontem foi o último sob o comando de Roger Agnelli. Ele será substituído, ainda este mês, por Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, que trabalhou na Vale de 1977 a 2008, onde ocupava a presidência da Vale Inco, subsidiária canadense. O anúncio da substituição foi feito no começo de abril e colocou fim a um momento de turbulência e atritos com o governo.

No comando da Vale desde 2001, Roger Agnelli começou a receber críticas por priorizar investimentos fora do Brasil, bem como a produção de minério de ferro. A visão do governo é de que a empresa deveria priorizar a criação de vagas e investir em siderurgia no Brasil. Episódios como a demissão de 1.300 funcionários na época da crise - que contrariou o pedido do então presidente Lula para que empresários não demitissem - e uma encomenda de navios fora do país acentuaram as críticas.

Demonstrando ainda não ter “digerido” a interferência do governo na troca de comando da mineradora, o presidente demissionário afirmou ontem que "a missão do governo é diferente da de uma empresa. Completamente diferente". O executivo disse que "até entende" o posicionamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cobrar mais investimento e contratações no Brasil. Mas afirmou, citando o caso da construção de 19 navios de transporte de carga de grande porte, que o custo das obras no país seria mais do que o dobro.

As afirmações foram feitas após o pronunciamento do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no Senado, há três dias. Apesar de negar interferência política na troca do comando, ele admitiu que o governo estava descontente com a empresa e que o então presidente Roger Agnelli ignorou esse descontentamento.

O governo admitiu que poderia ter retaliado a Vale, por meio do aumento de impostos e outras sanções, mas não o fez, preferindo uma crítica pública. O fato é que o governo tem e sempre terá um interesse muito grande pela Vale, empresa que cumpre um importante papel para as contas brasileiras, pois importa pouco e exporta muito. E esse desempenho deve continuar, já que a demanda asiática por minério tende a manter-se forte nesta década. (Fonte: O Estado do Maranhão)

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