Vale busca mais agilidade nas minas e portos

03-01-2012 10:39

Por Francisco Góes | Do Rio

Ferramenta virtual desenvolvida pela Vale em parceria com a americana GlobalSim será aplicado nas minas de ferro e terminais portuários da companhia

Na Fórmula 1, principal categoria do automobilismo mundial, os pilotos costumam utilizar simuladores para conhecer os circuitos antes de cada grande prêmio. O simulador faz o piloto sentir-se dentro do carro e na pista, a mais de 300 km por hora. No mercado de logística de cargas, os simuladores também ganham espaço como forma de melhorar a performance dos operadores. Na mineração, a Vale tem simuladores para trens, caminhões fora de estrada e agora implanta uma ferramenta que reproduz, em ambiente 3D, a operação de um equipamento portuário, a recuperadora de roda de caçambas. São rodas dentadas de 39 metros de altura que recolhem o minério de ferro depositado nos pátios das minas e nos terminais portuários de onde o produto segue para o embarque nos navios.

O novo simulador foi desenvolvido pela Vale em parceria com a americana GlobalSim, empresa com experiência na área de realidade virtual. Surgiu uma solução customizada, no Porto de Tubarão, no Espírito Santo, para treinar os operadores das recuperadoras de roda de caçambas. É o primeiro simulador de um equipamento portuário dentro da companhia. O simulador recebeu investimentos de R$ 3 milhões e permite reproduzir, em ambiente virtual, o processo de recuperação de granéis sólidos (vários tipos de minério de ferro, pelotas e carvão). O treinamento a ser feito neste simulador busca qualificar os operadores, o que tende a levar a uma melhoria de produtividade. A ideia é que quanto mais regular seja a operação da recuperadora mais próximo do limite de capacidade poderá operar todo o sistema de carregamento do minério nos portos da empresa.

Esse sistema é formado pelas recuperadoras, por esteiras e carregadores que depositam o minério nos porões dos navios. Com um sistema azeitado, é possível carregar as embarcações mais rápido, evitando pagamentos extras aos armadores (demurrages) e liberando mais cedo os berços de atracação para outros navios. A Vale estima que ao treinar novos operadores no simulador vai evitar acidentes e perdas nas taxas de embarque (tonelada de minério embarcado por hora). Os operadores experientes poderão passar por reciclagem para melhorar performance e segurança, avalia a empresa.

Este mês a Vale começa a treinar os operadores das recuperadoras no simulador instalado no centro de engenharia da Vale no Porto de Tubarão, pertencente à empresa. Neste prédio, já existe outro simulador em operação voltado para treinamento de maquinistas de trem. A Vale também desenvolveu simulador para caminhão fora de estrada, que transitam nas minas.

No caso do simulador da recuperadora de roda de caçamba, o desenvolvimento do simulador exigiu filmar todo o pátio do Porto de Tubarão e digitalizar as imagens. O trabalho com o simulador começa pelo Espírito Santo, mas o plano é instalar em 2012 equipamentos de realidade virtual semelhantes nos demais terminais portuários da empresa no Rio e em São Luís, no Maranhão. No total, a Vale tem 217 operadores de recuperadoras nos terminais de Tubarão, da Companhia Portuária Baía de Sepetiba (CPBS) e do Terminal da Ilha Guaíba (TIG), ambos no Rio, além do Terminal Portuário da Ponta da Madeira, em São Luís. A meta é treinar 100% dos operadores.

Gustavo Mucci, gerente geral de inovação e desenvolvimento portuário da Vale, disse que o simulador vai permitir aos operadores simular a operação nas mais variadas situações. "A ideia é que o operador se sinta imerso no ambiente virtual. Poderá fazer a simulação como se estivesse operando à noite, durante o dia, com diferentes tipos de minério, com vento ou chuva", afirmou Mucci. Cada operador vai receber 16 horas de aulas teóricas e 8 horas de aulas práticas e haverá módulos básicos e avançados.

Mucci disse que o simulador permitirá obter ganhos porque, treinado na prática, o operador muitas vezes leva anos para adquirir maior habilidade e exigir menos da máquina. O simulador pode contribuir também para manter a vida útil do equipamento, afirmou o executivo. Segundo ele, o trabalho com simulador nas operações portuárias começa com a recuperadora de roda, mas será estendida a outros equipamentos portuários. "Temos novos projetos para 2012 sendo um deles o desenvolvimento de simulador para descarregador de navio", disse Mucci. (Fonte: Valor Econômico)

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