Velhas fronteiras são obstáculo ao desenvolvimento

14-03-2011 16:47

   

Agronegócio

O vigor de Matopiba

Alguns produtores já haviam descoberto o território há 30 anos, mas, somente na última década, a nova fronteira agrícola conhecida como Matopiba – que compreende regiões produtoras do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – tornou-se sinônimo de grandes investimentos. Apesar das estradas ruins e da distribuição de energia ineficiente – problemas que perduram até hoje –, os preços das terras, além do clima e solo propícios para a agricultura comercial de larga escala, atraíram agricultores. A introdução de práticas agrícolas modernas trouxe a reboque agroindústrias multinacionais, como Bunge e Cargill. Na safra de 2009/2010, a região produziu 12,2 milhões de toneladas de grãos, o equivalente a 8% da produção nacional. A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que a produção cresça 17% nesta próxima safra. VEJA foi ao Matopiba conferir o vigor da economia regional.

"Se quisermos transformar nossos estados em produtores viáveis, temos de nos integrar e trabalhar em conjunto”, diz a senadora Kátia Abreu (DEM-TO)

A mais nova e promissora fronteira agrícola brasileira, responsável por 8% da produção nacional de grãos, é um exemplo de como um modo antigo de pensar o Brasil serve de entrave para que toda uma região atinja ao máximo seu potencial econômico. A imensa área visitada pelo site de VEJA, conhecida por Mapitoba, abrange bolsões de prosperidade, baseados no agronegócio, que se espalham pelo sul do Maranhão e Piauí, o oeste baiano e o norte de Tocantins. Por lá, ao lado de plantações de grãos mecanizadas e altamente produtivas, encontram-se cidades que crescem desordenadamente e sem infraestrutura adequada, estradas esburacadas, e outras deficiências. Menos como consequência da súbita pujança econômica, o quadro contraditório decorre, principalmente, da incapacidade do país de resolver os problemas comuns de regiões cujo crescimento não obedece a fronteiras (veja quadro).

Em vez de se unirem em torno de soluções que beneficiem vastos territórios, os governantes de cada estado perpetuam a antiga fórmula de fazer política que se pauta exclusivamente pelos interesses locais – com frequência, os puramente eleitoreiros. Por esta visão, o estado ao lado, longe de ser parceiro no desenvolvimento, é visto como um concorrente. As fronteiras, longe de ser apenas divisões administrativas, indicam onde termina o espaço de um grupo político e onde começa o do outro.

As verdadeiras regiões – O recorte geográfico oferecido por Matopiba – reconhecido, inclusive, pelo Ministério da Agricultura – ilustra a verdadeira regionalização brasileira. “Uma análise mais aprofundada do mapa do Brasil sugere regiões que hoje a divisão político-administrativa original não alcança”, explica Antônio Carlos Galvão, coordenador de um trabalho, feito em 2008 pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), que propõe um Brasil dividido em vários centros econômicos.

O conjunto das políticas públicas não acompanha a velocidade das mudanças impostas pela economia, resultando em ações isoladas e desarticuladas. Esta é a conclusão de uma pesquisa realizada no ano passado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O estudo apontou que, embora haja no Brasil o reconhecimento de algumas autoridades da necessidade de uma agenda regional, esta ainda é ampla demais e descoordenada, com várias iniciativas sobrepostas, desentrosadas e concorrentes.

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