'Vivemos um dos períodos mais críticos para o setor de alumínio"

12-08-2012 08:58

O mercado de alumínio está sendo uma das atividades mais impactadas pela crise mundial. Sua competitividade se comprometeu pela retração no mercado, queda no preço da commoditie e alto custo de produção. Nesse cenário de incertezas, a Alumar está inserida e desenvolvendo ações focadas em redução de custo e melhoria em suas operações. Nesta entrevista a O Estado, o diretor da Alumar, Nilson Ferraz, traça um panorama do atual momento vivido pela indústria do alumíno e, em especial, pela fábrica maranhense.

O Estado - O mundo vive um momento de incertezas com o agravamento da crise na Europa, uma conjuntura iniciada em 2009, nos Estados Unidos. Quais os efeitos da crise para a Alumar?

Nilson Ferraz - O mercado do alumínio, no qual estamos inseridos, está sendo fortemente impactado pelo atual cenário econômico. De julho de 2008 (U$ 3.071/t) a julho deste ano (U$1.884/t), os preços do metal caíram 39%. No Brasil, este quadro é agravado pelo alto custo da energia elétrica, uma das principais matérias-primas do processo produtivo desse metal.

O Estado - A empresa já conviveu com momentos mais fortes de crise ou essa atual está tendo maior impacto?

Nilson Ferraz - A Alumar tem mais de 30 anos de atuação e já passou por momentos de mercado adversos, mas certamente este tem sido um dos períodos considerados mais críticos.

O Estado - Que estratégias a Alumar está adotando para superar esse momento de retração no mercado de alumínio?

Nilson Ferraz - Na Alumar, temos atuado fortemente nos focos de melhoria de processos produtivos e de gestão, aliada à redução de custos para reduzir os impactos em nossas operações, uma vez que, os preços não estão competitivos.

O Estado- Recentemente, a Alcoa ameaçou fechar duas de suas fábricas no Brasil - São Luís e Poços de Caldas (MG). Se essa situação viesse a ocorrer, quais os impactos para os negócios da Alcoa, com o corte de produção na Alumar?

Nilson Ferraz - É importante esclarecer que em momento algum tratamos do encerramento dessas operações. Estas unidades estavam sob risco de redução das linhas de produção, devido aos baixos preços do alumínio, aliados aos altos custos de energia praticados no Brasil. Em junho deste ano, o CEO Mundial da Alcoa, Klaus Kleinfeld; o presidente da Alcoa para América Latina e Caribe, Franklin Feder, e o presidente do Grupo de Produtos Primários da Alcoa, Marcos Ramos, estiveram em reunião com a presidente Dilma Rousseff para tratar da competitividade da indústria brasileira, o custo de energia e seu impacto sobre a viabilidade das operações da companhia no país. A empresa está confiante de que este problema tornou-se uma prioridade para o governo e de que medidas efetivas para assegurar a competitividade da indústria do alumínio no Brasil serão tomadas brevemente. Neste momento, a Alcoa reafirma seu compromisso de quase anos 50 anos no Brasil e comunica que continuará a operar suas linhas de produção no país normalmente. A empresa garante que continuará a procurar oportunidades em suas operações para garantir a sustentabilidade de seus negócios.

O Estado - Qual seria o impacto em termos de produção e de fechamento de postos de trabalho, se houvesse cortes na Alumar?

Nilson Ferraz - A empresa não faz comentários sobre possibilidades. Como já dissemos anteriormente, continuamos operando as linhas de produção da Alumar normalmente.

O Estado - Como foram as negociações com o governo para que se evitasse o corte na produção das duas fábricas?

Nilson Ferraz - Há cerca de um ano, foi formado um grupo de trabalho interministerial, conhecido como GT do Alumínio, para tratar com o governo sobre a competitividade da indústria. Este grupo discutiu com o governo diversas alternativas para o setor e, como dissemos anteriormente, a empresa está confiante de que este problema tornou-se uma prioridade para o governo e de que medidas efetivas para assegurar a competitividade da indústria do alumínio no Brasil serão tomadas brevemente.

O Estado - Ainda há a ameaça de cortes ou essa questão já foi superada?

Nilson Ferraz - Torno a repetir. Estamos confiantes de que medidas efetivas do governo para assegurar a competitividade da indústria sairão em breve. Neste momento, continuaremos a operar nossas linhas de produção no país normalmente.

O Estado - Que ajustes a Alumar está tendo de fazer para manter a competitividade, uma vez que os custos de produção continuam elevados para um mercado em retração?

Nilson Ferraz - Na Alumar, temos atuado para melhoras os processos produtivos e de gestão. Também temos reduzido custos para garantir a competitividade das operações. Um exemplo de ação que está sendo tomada é o melhor aproveitamento do consumo energético da planta, sem desperdícios.

O Estado - A Alumar fechou um acordo de fornecimento com a Brascooper?

Nilson Ferraz - Sim. Fechamos um acordo de fornecimento de metal líquido para a fabricante de cabos Brascooper, que viabilizou a implantação de sua unidade produtiva no Maranhão, possibilitando mais um passo na verticalização de nossa cadeia no estado, criando empregos e renda para a população. Uma grande conquista.

O Estado - Que mensagem a Alumar deixaria para seus investidores, empregados, fornecedores e mercado em geral?

Nilson Ferraz - Apesar do cenário de mercado adverso, não estamos medindo esforços para garantir a competitividade de nossas operações. Já atravessamos algumas turbulências no passado e essas experiências contribuíram para que a empresa pudesse reagir de maneira rápida ao desafio ora imposto. Acreditamos no Brasil e no Maranhão. Prova disso é a manutenção de nossas operações com resultados significativos não apenas para nossa empresa, mas também para o mercado. Buscamos o crescimento sustentável e continuamos trabalhando para assegurar, na prática, a sustentabilidade do nosso negócio, reconhecendo os nossos valores, trabalhando numa perspectiva de competitividade consciente e reconhecendo as pessoas sempre como o nosso patrimônio fundamental.

 

(Fonte: O Estado do Maranhão)

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